Olá meus leitores! Estou trazendo para vocês entrevista com o escritor Leonardo Torres, autor do livro Condenáveis- Uma história de pai e filho. Ele é jornalista e atualmente escreve sobre música pop para o Portal POPLine, da MTV. Tenho certeza que irão adorar a entrevista.
Jornalismo na Alma- Como surgiu o desejo de lançar um livro?
Leonardo Torres-Fantasio sobre lançar um livro desde criança, mas nunca tive certeza se seria capaz de conseguir finalizar uma história. "Condenáveis" é uma realização pessoal, neste sentido.
Jornalismo na Alma-Qual a sensação de ter um pedaço da sua própria história publicado?
Leonardo Torres-Você disse tudo. É só um pedaço. Não é a minha história completa, nem sou eu 100%. O livro é apenas eu, meu pai e nossa relação - o que é uma parte bem pequena da minha vida, se pensarmos no todo. É só um aspecto. Quando as primeiras pessoas leram, achei mais peculiar essa sensação, mas agora já me acostumei. A história é de todo mundo e cada um pode e deve fazer suas interpretações e julgamentos. Se o livro é o proporcional a me desnudar, digamos que não tenho muitos pudores.
Jornalismo na Alma-Quanto tempo levou para escrever sua obra?
Leonardo Torres-Cerca de um ano, entre escrever, editar e revisar (contei com a ajuda de uma amiga nessa parte final). Embora eu tenha me empenhado e me esforçado para fazer o melhor que podia, foi realmente rápido, porque a história já estava pronta. Era só eu reviver no Word a minha vida.
Jornalismo na Alma-Como surgiu a escolha do nome do livro?
Leonardo Torres-É mais um jogo de palavras. Não tem a ver com questões judiciais. "Condenáveis" porque eu condeno os atos do meu pai e ele condena os meus. De certa forma, o leitor também geralmente condena um de nós no fim da história, com base nos seus valores.
Jornalismo na Alma-Qual a maior dificuldade que enfrentou para publicar seu livro? Como é ser um autor independente?
Leonardo Torres-"Condenáveis" é meu primeiro livro. Minha entrada no mercado literário foi um desafio, porque não conhecia muito bem como ele funcionava. Acho que o mais difícil é divulgar o livro sem o apoio de uma editora. O trabalho de um autor independente continua depois que o livro é publicado, porque se eu não correr atrás da divulgação, para que as pessoas conheçam a história, ninguém vai fazer isso por mim. Mas é um processo gratificante, a cada passo que o projeto avança. É como um filho.
Jornalismo na Alma-Para ler prefere E-book ou impresso? Por quê?
Leonardo Torres-Já li muito e-book no celular e no computador mesmo, mas prefiro o livro impresso. Acho que é mais flexível e confortável. Mas é questão de costume. Fiz questão de lançar meu livro em e-book, porque acredito que essa é uma tendência do mercado. Acho que o ideal é ter sempre as duas versões para atender as diferentes demandas.
Jornalismo na Alma-Sobre qual tema escreveria um outro livro?Por quê?
Leonardo Torres-Tenho várias ideias sobre celebridades, salas de bate papo, relacionamentos virtuais, obsessão, enfim. São muitas! Costumo ter ideias nos momentos mais distraídos, até quando estou dormindo. Anoto tudo em um arquivo no computador e tento amadurecê-las. Prefiro não falar profundamente sobre nada, porque uma ideia é um passo muito pequeno para a concretização de um livro. Acho que não é nem um passo inteiro, é meio passo.
Jornalismo na Alma-Com sente-se com a receptividade das pessoas que leram a obra?
Leonardo Torres-É ótimo! Ao contrário do que esperava, não ouvi nenhuma crítica pesada ainda. Ouço comentários lindos, muitos elogios, muita identificação. A maioria das pessoas elogia a minha coragem. O feedback não poderia ser melhor. Gosto muito quando há uma rodinha de pessoas que leram e discutem suas opiniões. Fico caladinho só prestando atenção.
Jornalismo na Alma-Qual livro atualmente está na sua cabeceira? O que está achando dele?
Leonardo Torres-Atualmente estou lendo dois livros. "Diários de Andy Warhol", organizado pela Pat Hackett, e "A Modelo do Ano", da Carol Alt. O livro do Warhol está sendo uma forma maravilhosa de conhecer quem foi esse artista, de sua própria boca. Gosto do trabalho dele desde o tempo de escola. Acho toda a suposta falta de ideologia da pop art muito interessante. Já o livro da Carol Alt é mais entretenimento e estou devorando. A história é muito amarradinha e te prende como uma novela. É um livro jovem e quero escrever algo mais leve assim algum dia.
Jornalismo na Alma-Qual seu livro preferido? Por quê?
Leonardo Torres-Sou apaixonado por Machado de Assis e tenho um carinho especial por "Dom Casmurro", que foi o livro que me apresentou o autor. Já reli várias vezes - o que não costumo fazer - e sempre percebo uma reflexão nova, um indício que não havia valorizado antes. É fantástico. Pretendo reler esse livro várias vezes ao longo da minha vida, porque acredito que nossas percepções variam de acordo com o que estamos vivendo naquele momento. Acho que Machado foi especialmente feliz nesta obra, embora eu goste de tudo que li dele até hoje.
Jornalismo na Alma-Livro ou filme? Por quê?
Leonardo Torres-Não pode ser livro e filme? São linguagens completamente diferentes e eu adoro as duas. Sou bastante cinéfilo, mas também leio bastante. Há histórias que eu não me interessaria para ler, mas toparia ver o filme e vice versa. Em outros casos, quero ler e ver o filme, porque as adaptações sempre trazem muitas mudanças e as obras resultam diferentes. "P.S. Eu Te Amo", da Cecelia Ahern, por exemplo, é um livro que amo, mas também adoro o longa, que mudou muito a história original. Gosto dos dois resultados - e choro com ambos.
Jornalismo na Alma-Qual obra daria de presente para um inimigo? Por quê?
Leonardo Torres-Não vejo com bons olhos os livros de autoajuda, então daria qualquer um desse tipo para um inimigo. São alienantes, na maioria das vezes.
Jornalismo na Alma-Como incentivar a leitura no nosso país?
Leonardo Torres-No meu ponto de vista, e posso estar enganado, o problema não é a leitura sim. Quando somos crianças, gostamos que os pais e os professores nos contem fábulas e contos de fadas. Portanto, o ser humano, de uma forma geral, aprecia a literatura, só esquece disso depois. A melhor forma de incentivar é dar ao público infanto-juvenil livros sobre assuntos que lhe interessem. Temos, sim, que ler os clássicos, mas uma literatura mais específica é a mais indicada para a formação de um leitor. Para começar a ler, o melhor é que sejam temas do seu interesse, que ele entenda. Depois, cabe aos professores ajudar a refinar seu gosto. Mas jogar na mão de um adolescente, que não lê, livros grossos e complexos assusta.
Jornalismo na Alma-Diga um autor preferido no Brasil? Por quê?
Leonardo Torres-Machado de Assis, como disse, é meu autor preferido, não só no Brasil, mas no mundo. Acho um máximo a forma como ele constrói suas histórias, os personagens, os conflitos. Único.
Jornalismo na Alma-Diga um autor estrangeiro preferido? Por quê?
Leonardo Torres-Gosto muito do Osvaldo Bazán, um argentino que conheci enquanto elaborava a monografia da graduação. Ele escreve sobre assuntos sérios e importntes de uma forma leve e jocosa. É adorável. Mas outra autora que eu conheci recentemente é a Jennifer Egan, com "A Visita Cruel do Tempo". Não li ainda outro livro dela, mas estou ansioso para isso, porque fiquei profundamente impressionado, ao ponto até de invejá-la. A cada página que lia, ficava babando. Ela é tão inteligente. Você sente que cada linha escrita foi estrategicamente pensada. Não sei se chegarei lá algum dia, mas gostaria.
Jornalismo na Alma-Para você como seria um Paraíso Literário? Por quê?
Leonardo Torres-Um paraíso literário teria todos os livros do Machado, todos da Jennifer Egan, para que eu possa conhecer, e biografias de pessoas interessantes. Também gosto disso. Quero ler a da Elis, do Boninho e a que o pai da Amy Winehouse escreveu sobre ela em breve.
Jornalismo na Alma-Qual a dica que você daria para futuros escritores?
Leonardo Torres-Quando eu era novinho, li uns livros da Thalita Rebouças e entrei no site dela. Uma dica que ela dava para futuros escritores é que começassem a escrever logo. Acho que a ideia é essa: não deixar para depois o que se pode fazer agora. Além disso, deve-se ler muito. Uma professora dizia que "antes de colocar para fora, temos que colocar para dentro". É isso.
(Thalita Rebouças)
Jornalismo na Alma-Para encerrar gostaria de fazer um bate e volta com você.
Leonardo Torres-Uma pessoa: Minha mãe
Um desejo: Escrever mais livros
Um livro: "Condenáveis - Uma História de Filho e Pai" vale? (Risos)
Uma música: "Tempo Perdido" - Legião Urbana
Uma comida: Chocolate
Uma bebida: Água
Uma frase: "O importante não é chegar, é o caminho" - Fito Páez
Animal de estimação: Gato
Filhos: Dedicação
Dinheiro: Importante
Felicidade: Busca constante
Fama: Atraente
Religião: Não tenho
Blogueiros: Adoro o blogs da Natalia Klein ("Adorável Psicose"), Zeca Camargo ("Cultura Pop") e do Alysson Souza ("Gamma Beat")
Falsidade: Lamentável
(Leonardo Torres)
Leonardo Torres é jornalista, blogueiro e pós-graduando em Jornalismo Cultural pela UERJ. No momento, escreve sobre música pop para o Portal POPLine, da MTV. Suas experiências anteriores incluem passagens pelos sites Plus TV, SRZD e Pipoca Moderna, sempre focado na cobertura cultural. Também é conhecido pelo extinto blog Estou em Transe.
Contato
È autor ou tem um blog e quer ser entrevistado pelo Jornalismo na Alma? Basta enviar um mensagem pela página Contato através do formulário.
21 comments