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O mundo em que
conhecemos experimenta fases de inúmeras transições com as realidades paralelas
que a percebem utilmente. Vivemos em um planeta próspero, onde as riquezas –
econômicas e naturais conquistadas pela humanidade, através dos tempos – são
distribuídas conforme a necessidade de seus constituintes. Experimentamos todos
os momentos de crescimento e desenvolvimento de processos, mesmo que uma
parcela considerável seja excluída disso, mas eles também fazem parte desses
acontecimentos. A princípio, qual a motivação do falatório social e
filosoficamente atribuído na resenha? Simples. Direto. Objetivo. Esse mundo
imenso e tão suficiente entrará em conflito e em colapso total – o consumo
desenfreado, progresso tecnológico e inconsciência humana serão vistos como
agentes aniquiladores e pioneiros de uma Terceira Guerra Mundial.
O resultado dos
conflitos diretos e sangrentos obviamente é o desaparecimento da população e a
condição de destruição da Terra. O novo mundo – que acontece em 2148 – criado
por Samuel Cardeal em seu livro de estréia Demônios não choram é digno de ser
citado; construído com uma qualidade imaginária incrível, a fragilidade das
poucas reservas humanas e naturais que restaram não foram suficientemente
fortes para deter a ameaça dos seres das trevas, que passam a povoar e
manipular os comportamentos. De certo modo, a presença dessas entidades é um
argumento necessário e convincente para criar e espalhar, através do tempo, o
medo, tensão e primitiva necessidade de segurança entre os sobreviventes. Visto
sob a perspectiva do autor, os esconderijos secretos e, em grande maioria,
imundos e desorganizados parece ser a sacada perfeita para despistar e bloquear
o acesso do mal. E funciona, principalmente enquanto a história vai ganhando
forma e contexto.
Para balancear essa
equação de destruição, surge Ezequiel – um homem que tem a missão de exorcizar
e dizimar demônios que afetam a normalidade e o sossego existente após esses
eventos. Com uma personalidade destaca, o leitor é evidentemente forçado a
colocar todas as suas expectativas de salvação em suas mãos e torce para que,
em cada peregrinação contra os seres malignos, Ezequiel seja sempre bem
sucedido. Torcemos para que Ezequiel, em todas as suas habilidades e armas
impressionantes, desarme cada um dos inimigos e restaure a tranqüilidade dos
dias. E à medida que os confrontos vão se destacando ao longo dos enredos, há
um sentimento de que somos mergulhados nesse mesmo cenário – como um expectador
que vibra, fica surpreso e sente-se a favor dele.
A construção dos
personagens é bem caracterizada, os flashbacks
para apresentar um pouco sobre o passado controverso, a ausência da figura
familiar, o autodidatismo e o treinamento são bem empregados e, como não
poderia ser muito diferente, a pesquisa histórica demonstra a preocupação do
autor em revelar fatos convincentes. A linguagem e os recursos de texto
caminham conforme os acontecimentos vão se sucedendo. A sua compreensão é
bastante acessível, cria tensão e salta aos olhos do leitor, especialmente em
momentos em que é iminente o início de uma batalha entre o herói da humanidade e os seres sombrios.
No final das contas,
Samuel Cardeal entrega um livro complexo, cinematográfico e com um ótimo ritmo.
Sem sombra de dúvidas, é um romance que está muito acima da média do gênero e
acrescenta elementos novos que fazem com que a sua leitura seja ao mesmo tempo
surpreendente e indicada.
Contato do autor: Site.
Resenha feita por:
Cláudio Quirino, pernambucano e escritor. Minha vida literária gira em torno dos projetos com as quais geralmente estou envolvido, como organizador de antologias e coletâneas e dos meus romances. Como amar em uma semana é seu primeiro romance publicado.
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