KIDD, Sue Monk. A invenção das asas/ Sue Monk Kidd; tradução Flávia Yacubian. - 1ª ed. - São Paulo: Paralela, 2014.Ficha Técnica
Em sua terceira obra, Sue Monk Kidd, cujo primeiro livro ficou por mais de cem semanas na lista de mais vendidos do New York Times, conta a história de duas mulheres do século XIX que enfrentam preconceitos da sociedade em busca da liberdade. Sue Monk Kidd apresenta uma obra-prima de esperança, ousadia e busca pela liberdade. Inspirado pela figura histórica de Sarah Grimke, o romance começa no 11º aniversário da menina, quando é presenteada com uma escrava: Hetty “Encrenca” Grimke, que tem apenas dez anos. Acompanhamos a jornada das duas ao longo dos 35 anos seguintes. Ambas desejam uma vida própria e juntas questionam as regras da sociedade em que vivem. *Cortesia: Editora Paralela.
Tradução: Flávia Yacubian
Capa: estúdio insólito
Páginas:328 pp.
Formato:16.00 x 23.00 cm
Peso:0.44500 kg
Lançamento:27/01/2014
ISBN:9788565530484
Preço Sugerido: 29,90
Book Trailer: AQUI
Notas
Capa: 10/10
Conteúdo:10/10
Diagramação:08/10
Conceito Geral:100/100 ♥
A Conquista da Liberdade
Por Paloma Viricio
Visão
Geral
“Houve
um tempo na África, as pessoas podiam voar. A mamã me contou isso uma noite,
quando eu tinha dez anos de idade. Ela disse: Encrenca, sua vovozinha viu com
os próprios olhos. Disse que eles voavam sobre as árvores e montanhas. Disse
que voavam que nem pássaros negros. Quando viemos pra cá, a magia ficou pra
trás”, p. 09. A questão de liberdade sempre foi desafiadora para o ser humano.
O que realmente é ser livre? Não viver atrás de grades ou acorrentado? Ter a
opção de pensar ou agir da forma que desejar? A liberdade pode ser
caracterizada por diversas questões, depende de ponto de vista ou como cada um
a encara. Você considera-se uma pessoa realmente livre ou algo ainda mantém
suas asas amarradas?
Sue
Monk Kidd mesclou realidade com ficção de forma ímpar, criando um livro que
contagia e atiça os sentimentos do leitor. O livro é narrado em primeira
pessoa. Ora por Sarah Grimké, filha de uma família escravocrata da alta sociedade, ora por Hetty “Encrenca” Grimké, uma escrava
quase da mesma idade de Sarah que foi entregue para ela ainda na juventude como
criada e presente de aniversário. A história de Sarah é baseada em fatos reais,
a autora pesquisou a vida dela e montou um enredo de ficção X realidade. Já encrenca
é pura ficção, mas Sue Monk Kidd queria mostrar ao leitor as duas faces da
escravidão, sentiu a necessidade de criar uma personagem que estivesse
envolvida com o fato diretamente e que vivesse na pele tudo aquilo. Ela acertou
em cheio na escolha, pois as duas personagens principais de A Invenção das Asas
são muito contagiantes, o leitor torna-se uma espécie de confidente e amigo
delas. O maior sonho de Sarah era ser advogada, mas para aquela época uma
mulher exercer essa profissão era algo impossível. Encrenca desejava se livrar
das garras da escravidão e não pertencer à outra pessoa como um objeto. A grande
sacada para que o livro torne-se tão perfeito é que as duas figuras mescladas
são totalmente diferentes, mas almejam algo em comum que é a liberdade. Uma
precisa ter o corpo livre e a outra a mente. “Ela estava presa como eu, mas
presa por sua mente, pela mente das pessoas em volta dela, não por lei. Na Igreja
Africana, Sr. Vesey dizia: “Cuidado, você pode ser escravizado duas vezes, uma vez pelo corpo e uma vez pela mente”, p.178.
AInvenção das Asas é um livro bastante agradável, a história nos faz voltar ao século
XIX , refletir sobre os “N” problemas sociais ocorridos nesse período,
questionamentos e lutas por mudanças. Em pleno século XXI sabemos que
desigualdades ainda existem porque a herança de uma sociedade calculista e
preconceituosa deixa marcas nas sucessoras. Entretanto ao ler A Invenção dasAsas vemos que mudar questões como racismo, escravidão e preconceito contra a
figura feminina era demasiadamente mais difícil. Mesmo assim, existiram pessoas
que lutaram contra essas amarras sociais, desafiando o tempo e o pensar da
maioria. O livro é de ficção, mas foi baseado na história verídica das irmãs
Grimké que foram figuras importantíssimas na época, para abolição da escravidão
e defesa das mulheres. “ As pernas de mamã voltariam a andar coo antes, mas ela
nunca mais foi a mesma por dentro. Depois daquele dia, parecia que parte dela
sempre estava esperando o cinto ser afrouxado. Parecia que naquele dia ela
começou a alimentar sua fogueira de ódio”,p. 46
Sinceramente
é difícil descrever através de palavras a gama de sentimentos que A Invençãodas Asas pode causar no receptor. É uma obra sensível, rica e acima de tudo
forte. O leitor é transportado exatamente para aquela época e sofre junto com
as personagens. A descrição das cenas é algo impressionante. Os maus tratos com
escravos é chocante, o preconceito com a figura feminina também, mas é exatamente
nesse quesito que ficção mostra a realidade de uma época que existiu e marcou
muitas pessoas. É um livro sensacional. Para quem gosta de histórias de época,
com personagens revolucionários A Invenção das Asas é um prato cheio. Perfeito.
“Eu estava virando a ordem da criação de ponta-cabeça. O mais estranho de tudo:
era a primeira vez que pensamentos de igualdade surgiam em minha mente, e eu
poderia atribuí-los apenas a Deus, de quem recentemente eu me aproximara e
estava me tornando mais insurrecionista do que obediente às leis”, p. 129.
Design e Diagramação
A
capa é muito bonita, chama bastante atenção em conjunto com o título. O miolo é
confeccionado com papel pólen soft o que ajuda a não cansar tanto a visão.
Acredito que o tamanho da fonte poderia ter sido maior e espaçamento mais
amplo.
Sobre a autora
O
primeiro livro de Sue Monk Kidd, A vida secreta das abelhas, ficou por mais de
um ano e meio na lista de mais vendidos do New York Times e foi adaptado para o
cinema em 2008. Seu segundo romance, O monge e a sereia, que alcançou a
primeira posição na lista de mais vendidos do New York Times, ganhou o prêmio
Quill de 2005 para melhor obra de ficção e foi transformado em um filme para a
TV. Hoje, Sue mora perto de Charleston, na Carolina do Sul. Fonte: Editora Paralela.
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