M., Christine. Enquanto a chuva Caía/ Christine M.- Ribeirão Preto,SP: Novo Conceito Editora, 2014.

Erik não procura mais a garota dos seus sonhos. Vive em busca de adrenalina e de uma razão para continuar cumprindo tarefas obscuras. Ele sabe que é muito bom no que faz e não vê nada que possa ser melhor do que os seus dias repletos de perigo. O que Erik não esperava é que sua paixão por correr riscos seria a sua ruína. Ameaçado, ele precisa fugir para o exterior e viver disfarçado de cidadão comum, trabalhando como advogado em uma grande empresa. Marina comanda o império da família depois de seu pai ter sucumbido ao mal de Alzheimer. Precisa suportar ver os pais tombarem diante da ação implacável do tempo, enquanto ainda carrega a ferida provocada pela morte do jovem marido. Com o comando das empresas nas mãos, ela percebe que nem todas as atividades da corporação obedecem aos manuais de boa conduta. Quando ambos se encontram, presente e passado se misturam, dando início a um mistério arrebatador que os atrai a uma paixão incontrolável. No entanto, os segredos, cedo ou tarde, virão à tona e os colocarão em lados opostos da balança. Nenhum dos dois é inocente, mas será que eles aceitarão as verdades que tanto se empenham em esconder? É possível construir um futuro mesmo depois de descobrir que nesta história não há mocinha nem herói?

Por Paloma Viricio

Visão Geral

“Não me lembro de um momento bom acontecendo em um dia ensolarado. As coisas mais importantes da minha vida sempre aconteceram com o céu cinza, trovejando, com meu cabelo pingando e a roupa molhada, colando no corpo. Estranhamente, a chuva é minha amiga e se tornou sinônimo de bom presságio”, p. 41.  E assim Marina viu os momentos mais importantes da vida serem registrados. Era sempre o céu observando-a daquele jeitão nublado, as gotas insistentes que invadiam a mente em conjunto com as lembranças... não tinha como fugir do destino e nem dos momentos em que as nuvens choravam.

Marina é uma empresária de sucesso, isso porque após assumir os negócios da família, conseguiu ampliar os lucros e contratações. A mocinha conta com o ombro consolador de James, seu melhor amigo e salvador dos momentos de aflição após a morte prematura do marido. “Seu cabelo está preso e enjaulado em um coque, seus olhos estão baixos e sua palidez é de machucar. Ela não diz nada, eu não digo nada. Apenas nos abraçamos e eu quero o mundo acabe só para não ter que vê-la chorar”,p.255. Do outro lado Erik, um advogado envolvido com misteriosos casos policiais deixa o Brasil e parti para Nova York. Emaranhados em uma teia de mistérios, a realidade solitária de Marina está prestes a mudar quando o destino dela é enlaçado com o do brasileiro.

O drama de Marina em Enquanto a Chuva caía  me lembrou muito o de Holly em P.S.Eu te amo, mas com características pessoais criadas pela autora Christine. Digo que recordei porque o sentimento de compaixão perante o sofrer das duas relacionado a perda de alguém que amava foi igualitário. Não gosto de fazer comparações entre livros, mas uma trama me fez recordar a outra... achei importante mencionar. O fato é que Enquanto a Chuva Caía é um livro ímpar! Dá gosto de virar as páginas e absorver excelentes descrições, diálogos e tudo mais. Christine narra a história com uma pitada melodiosa de poesia adoçada na medida exata. Pensa que fiquei surpreendida? Não! Sempre acredito no potencial dos autores nacionais e fico orgulhosa por encontrar a obra de mais uma escritora tupiniquim que entrou de cabeça na lista das minhas favoritas. “Experimentá-la é uma fórmula explosiva, uma bebida inocente e colorida que com um gole te embriaga. Seus cabelos são soltos e caem sobre seus ombros, cobrindo parte de seus seios. Ela fecha os olhos como se estivesse em outro lugar, muito melhor do que qualquer outro”, p.117.

Adorei ser recepcionada pelo trecho de uma canção diferente em cada começo de capítulo. Conhecia diversas...muitas das minhas favoritas, criativo. O único ponto negativo que encontrei no livro foi uma amornada no instinto policial da autora na metade da brochura. Sei lá...tudo começou tão quente, tiro, muita marra e sangue que pensei que ela fosse sustentar isso durante toda a trama, mas infelizmente não aconteceu. Fui bombardeada com uma dose muito maior de romance e lamento...o que também não foi de todo ruim, mas senti falta de mais ação e tiroteio (confesso que sou sanguinária). Porém, no conceito geral, Enquanto a Chuva Caía proporcionou um entretenimento bem prazeroso. Espero poder ler mais livros da Christine. “Ela me atrai em suas duas versões, e não existe motivo lógico para isso. Mas é assim que funciona, uma verdade não exclui a outra. Por mais que não faça sentido, eu só  consigo pensar em conhecer melhor Marina Muller ou só a Marina. Quem sabe as duas”, p.73.

Designer e diagramação

A capa do livro é muito bonita, um pouco sombria e ao mesmo tempo romântica o que me agradou demasiadamente. As folhas são em material polen, com letras e espaçamentos agradáveis.

Sobre a autora

A paulistana que nasceu Ericka Christine Ferreira de Melo e escolheu se tornar Christine M. já foi bailarina e sempre sonhou em ser artista, mas se perdeu desse caminho e acabou no ramo empresarial. Ficou por lá muito tempo, quase dez anos de uma carreira promissora e confortável. No entanto, sua alma inquieta se rendeu ao fato de que o mundo era pequeno demais entre poucas paredes. Balzaquiana, habitante oficial do mundo da lua, mestre cuca de feriado e adoradora do culto "papo furado e risada solta". Publicou quatro livros e diz que isso é só o começo. Casou-se aos vinte e cinco anos e é mãe de duas garotinhas que agraciaram toda a sua existência.A vida nem sempre se mostra fácil, mas ser feliz lhe cai bem e, por isso, ela sempre persiste e resiste.  Fonte: Site oficial da autora. 

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