Resenha- Cartas de Amor aos Mortos- Ava Dellaira

By Paloma Viricio - outubro 05, 2014

Dellaira, Ava. Carta de amor aos mortos/ Ava Dellaira ; tradução Alyne Azuma.- 1ªed.- São Paulo: Seguinte, 2014.
Prestes a começar o ensino médio, Laurel decide mudar de escola para não ter que encarar as pessoas comentando sobre a morte de sua irmã mais velha, May. A rotina no novo colégio não está fácil, e, para completar, a professora de inglês passa uma tarefa nada usual: escrever uma carta para alguém que já morreu. Laurel começa a escrever em seu caderno várias mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Elizabeth Bishop… sem nunca entregá-las à professora. Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky. Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era - encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um - é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho. *Cortesia: Editora Seguinte.

 Ficha Técnica
Título original:LOVE LETTERS
TO THE DEAD
Tradução:Alyne Azuma
Páginas:344
Formato:13.70x21.00cm
Peso:0.37000 kg
Acabamento:Brochura
Lançamento:20/06/2014
ISBN:9788565765411
Selo:Seguinte
Compra: AQUI

Notas 
Capa: 10/10
Conteúdo:07/10
Diagramação: 10/10
Conceito Geral:80/100



Querida Ava Dellaira,

Após ler Cartas de Amor aos Mortos, fiquei com uma vontade incessante de lhe escrever, não poderia deixar para depois, tinha que ser no calor do momento porque me identifiquei muito com a personagem principal, Laurel, mesmo inicialmente achando ela um pouco psicótica. Isso aconteceu pelo fato de ainda não a conhecer. Sabe, quando terminei o livro fiquei envergonhada por esse pensamento, mas depois desencanei. Quando li a sinopse achei sua ideia inicial genial. Afinal, quem nunca quis fazer confidências a um ídolo morto? “E ainda não sei como dar sentido ao mundo. E tudo bem ele ser maior do que o que podemos abarcar. Porque, quando você fala em beleza, não está falando de algo bonito, está falando de algo que nos torna humanos”, p. 118.

Em algumas partes achei a trama um pouco cansativa. Laurel reclamava demais, mas a entendo porque já fui uma adolescente repleta de incertezas, na verdade, mesmo depois de adulta ainda carrego algumas delas, ainda adquiri outras. Como poderia ser diferente? A vida é uma roda gigante com altos e baixos, né? Não passei nem por um terço que essa menina passou, não perdi minha irmã (Graças a Deus) e nem tive que conviver com pais separados, mas todos nós temos um medo para enfrentar e nisso me identifiquei com ela, não por compartilhar o mesmo medo, mas por sermos fortes até o fim. Ás vezes é preciso desabafar, nem sempre encontramos as pessoas certas para isso, optar pelas cartas é uma maneira simples para fazer isso. “Espero que um de vocês me ouça, porque o mundo parece um túnel de silêncio. Descobri que, ás vezes, momentos marcam nosso corpo. Eles estão ali, alojados sob a pele como sementes pintadas de surpresa, tristeza ou medo”, p. 191.

Algumas questões que presenciei no livro me deixaram abalada, sei que o mundo é mau, mas quando pegamos amor por uma personagem é difícil ver o sofrimento. Na verdade, adquiri amor por várias, você sabe construir cenários, pessoas e situações muito bem. Pena que não encontrei nada de tão inovador nas histórias. Sei que esse é seu primeiro romance, fico feliz por não encontrar nenhum ponto negativo, não vou ficar brava com você, somente esperava um pouco mais. No final a leitura foi totalmente satisfatória, rápida, eu flutuava pelas páginas assim como May. Me desculpe, sei que ela se foi, mas será para sempre nossa fadinha querida. Me conformo porque sei que agora ela está em paz.

Olha, Ava, eu queria muito te deixar de castigo, sabia? Eu quase morri para separar as melhores quotes. (Risos) Calma! É que tinham tantas partes boas que deu vontade de marcar o livro inteirinho. Você definitivamente escreve muito bem, a delicadeza com que costura as palavras me fez viajar totalmente para o universo que criou. As cartas que Laurel escrevia aos mortos eram perfeitas, uma espécie de diário pessoal dela, mas também repletas de história e cultura. As minhas favoritas eram as direcionadas ao Kurt Cobain, não sei porque, mas me identificava com cada ideia escrita para ele. A música é um ponto fortíssimo no seu livro, nos uniu anos luz, já que amo muito aquilo que você mostrou, que Laurel e os amigos também amavam. “Ás vezes suas músicas dão a impressão de que existia muita coisa dentro de você. Talvez você nem tenha conseguido colocar tudo para fora. Talvez tenha sido por isso que morreu. Como se tivesse implodido. Acho que não estou fazendo a tarefa direito. Talvez eu tente de novo mais tarde”, p. 11.

Sky é um menino de ouro, achei ele bem maduro para a idade, mesmo quando a Laurel surtava bonito,  ele sabia enfrentar os medos, no entanto, também cometeu erros o que fez dele um humano perfeito. “Fechei os olhos e deixei ele me puxa para perto. Foi um primeiro beijo perfeito, como uma rajada de vento que passou por mim, me deixando sem fôlego e, ao mesmo tempo, me permitindo respirar de novo. Um beijo que faz alguém renascer”, p. 97.  Vou me despedindo por aqui, senão essa carta vai virar um livro (Risos). Porém, desejo ler outra obra sua em breve, escreva cada vez mais...e melhor. Lembre-se que um escritor nunca para de aprimorar as técnicas. Sei que você é uma menina de talento. Obrigada por me proporcionar bons momentos. A capa do seu livro é linda, outro ponto fortíssimo, amo universo, sei que a Laurel e a May também. Elas gostavam das estrelas, tinham uma pequena constelação no teto do quarto. Era isso que fazia o mundo delas, pelo menos por uns instantes, perfeito.




Sobre a autora

É formada pela Universidade de Chicago e mestre pela Iowa Writers’ Workshop. Ela cresceu em Albuquerque, no Novo México, onde passou incontáveis tardes de verão fazendo poções mágicas, lutando contra bruxas más e se divertindo com outras brincadeiras inventadas, que provavelmente contribuíram para que se tornasse uma contadora de histórias. Atualmente vive em Santa Monica, na Califórnia, onde trabalha na indústria cinematográfica e escreve seu segundo romance.

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