Resenha- O doador de memórias- Lois Lowry

By Paloma Viricio - outubro 22, 2014

the giver
Lowry, Lois. O doador de memórias/Lois Lowry; tradução de Maria LuizaNewlands.-São Paulo:Arqueiro,2014.
Ganhadora de vários prêmios, Lois Lowry contrói um mundo aparentemente ideal onde não existe dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não existe amor, desejo ou alegria genuína.Os habitantes da pequena comunidade, satisfeitos com suas vidas ordenadas, pacatas e estáveis, conhecem apenas o agora - o passado e todas as lembranças do antigo mundo foram apagados de suas mentes.Uma única pessoa é encarregada de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis. Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz idéia de que seu mundo nunca mais será o mesmo. *Cortesia: Editora Arqueiro.
 Ficha Técnica
Título Original: The Giver
Tradução:Maria Luiza Newlands
Páginas:192
Formato:14 x 21 cm
Peso:190 g
Acabamento:brochura
Lançamento:08/08/2014
ISBN:9788580412994
Preço:R$24,90
Preço E-Book:R$16,99
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Notas 
Capa: 10/10
Conteúdo:10/10
Diagramação:10/10
Conceito Geral:100/100 


Memórias que embaraçam
Por Paloma Viricio 

Visão Geral
Quem nunca imaginou viver uma vida perfeita? Acredito que muitas pessoas. Mas você abriria mão de tudo o que já viveu e conhece por isso? Até que ponto as memórias são de primordial importância na sua vida? Conseguiria viver sem elas? “Jonas alcançou o lado oposto do rio, parou um instante e olhou para trás. A comunidade onde vivera a sua vida inteira estava lá, dormindo. Ao amanhecer, a vida ordenada, disciplinada, que ele sempre conhecera, recomeçaria sem ele. A vida em que nada jamais era inesperado. Ou inconveniente. Ou fora do comum. A vida sem cor, sem dor, sem passado”, p.170.

Jonas vive em uma comunidade onde a perfeição é a principal vertente. Não exatamente, já que, as pessoas que vivem nesse círculo só tem conhecimento daquele ambiente esquematizado que estão, não conhecendo nenhuma outra verdade além daquilo que os “chefes” da localidade apresentam. Todos vivem como marionetes, seguindo regras mecanizadas como se usassem cabrestros. Nada muito longe do que muitas pessoas vivem na nossa sociedade brasileira, hoje em dia, já que a falta de conhecimento de verdades e direitos faz com que o outro viva sempre acomodado, embalado por uma neblina de falsa liberdade.

Enfim, não quero cavucar questões sociais ou políticas, pois esse não é o objetivo do texto, mas foi necessário fazer uma jogada de comparações entre ficção e real. È inevitável não notar semelhanças...  “Seu coração se encheu de gratidão e orgulho. Mas, ao mesmo tempo, também se encheu de medo. Não sabia o que significava aquela escolha. Não sabia o que estava por vir. Ou o que seria dele” p. 68. O fato é que Jonas vivia nesse ambiente com a irmã, o pai e a mãe de criação muito bem até completar 12 anos e descobrir que a continuação da ordem na comunidade dependeria exclusivamente dele. É ai que a cabeça do menino dá um nó. Através dos encontros com o Doador de Memórias, ele consegue absorver mais do que esperava. E ai, caro leitor, é quando as indagações começam a ser feitas que o alimento para a fera fica garantido.

Li ODoador de Memórias em apenas dois dias. Um livro pequeno, mas que mexeu comigo de forma avassaladora. Não tenho palavras para descrever os conceitos sobre sabedoria, esperança, amizade e amor que o livro me passou. Sabe quando não damos valor ao que temos ou vivemos? Pois bem! Tenho certeza que você, assim como euzinha, já reclamou exageradamente da convivência entre os indivíduos e do mundo em que estamos. Isso é porque não vivemos no mundo que Jonas vive. Nossa...aquelas pessoas são muito manipuladas e o pior é que não se dão conta disso. E o pior de tudo é a falta de sentimentos como amor, alegria, tristeza, escolhas...eles vivem sempre na mesma. São como ratinhos girando em rodas. “Nosso povo fez essa opção, a opção de ir para a Mesmice. Antes do meu tempo, antes do tempo anterior ao meu, muito tempo atrás. Desistimos das cores quando desistimos do sol e acabamos com as diferenças”, p.99.

Amei conviver no universo que Lowry criou. Não tenho o que reclamar do livro. Só espero que algumas respostas sejam respondidas com a continuação. Vi resenhas em que leitores falaram não sentir a emoção que esperavam e tal. Comigo foi o oposto. Estava esperando uma história totalmente diferente da que encontrei. Ainda bem que isso aconteceu porque sorri, chorei, amei e me emocionei muito com O Doador de Memórias. Amo distopias, essa não foi diferente, sempre com um universo novo para apresentar. O final...não tenho palavras. Quando terminei não conseguia dormir de jeito algum, fiquei passando mal (risos) com o absorver de toda a trama. Muito bom! Foi para minha lista de favoritos sem arrependimento. “Tinha consciência de que não poderiam compreender o motivo daquela tristeza sem as lembranças. Sentia um amor tão grande por Asher e Fiona! Mas os dois não podiam sentir o mesmo por ele sem as lembranças. E Jonas não podia transmiti-las. Ele se convenceu de que não podia mudar nada”, p.140.

Design e diagramação
A capa é bonita, inspirada no filme que estreou recentemente. Só que não diz muito sobre a história em si. A menina que acompanha o rapaz apareceu pouquíssimas vezes durante a trama, nem sei por que colocaram ela na capa. Eu gostei mesmo assim e não tenho nada que reclamar. A diagramação possui espaçamento confortável, as letras não são muito grandes, mas nada que atrapalhe a leitura.

Sobre a autora
the giver author

Com mais de 30 livros publicados, a americana Lois Lowry já recebeu diversos prêmios por sua obra, como o Boston Globe-Horn Book, o Dorothy Canfield Fisher, o Mark Twain e a Medalha John Newbery, concedida pela Association for Libray Service to Children, pelos livros Numbers the Stars e O Doador.

Confira também a resenha de A Escolhida - Lois Lowry
Licença Creative Commons
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