Resenha- O homem que odiava o mundo- Sara Muniz

By Paloma Viricio - janeiro 30, 2015


 

O livro conta a história de Henrique, um jovem brasileiro e estudante de filosofia que sofre consecutivas desilusões amorosas. O personagem sempre possuiu certa antipatia e ódio pelo mundo e o sistema, após as desilusões esse sentimento se intensifica. No entanto, o personagem encontra uma maneira de questionar e ao mesmo tempo aceitar a vida pra que esta não se torne tão frustrante e intolerável. Filosófico, cômico e realista.
Classificação:
 


Ficha Técnica
Título: O Homem que odiava o mundo
Autora: Sara Muniz
Páginas: 266
Editora: Multifoco
Data de Lançamento: 11/11/2014
ISBN: 978-85-8273
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Notas
Capa: 10/10
Conteúdo: 10/10
Diagramação: 10/10
Conceito Geral: 100/100

 


O livro "O Homem que odiava o mundo" é o primeiro livro da jovem escritora Sara Muniz e conta a história de um jovem que apesar de toda a sua inteligência sofre bastante pelos inconstantes altos e baixos da vida. Nada no mundo é como se planeja inicialmente e principalmente como se espera. Lidar com as frustrações e com as expectativas no decorrer da existência é uma das grandes lições que Henrique, o personagem central do livro, nos traz. Dentre muitas outras.

Em entrevista, a autora disse que sua principal inspiração foi uma discussão que teve com o namorado: "Eu pensei no título e por um momento cogitei ‘esse é um tipo de livro que eu adoraria ler! ’, criei então os personagens e imaginei um jovem bonito que tem problemas, e ele não tem problemas financeiros, ele é carente e dependente de atenção. A inspiração principal para o livro foi uma discussão que eu tive com o meu namorado uma vez, quando ele estava se sentindo estressado de tanto trabalhar. Ele me disse que o mundo, definitivamente, é só isso: trabalhar. Você vive para trabalhar para dar a alguém (ninguém sabe quem) dinheiro para alguma coisa ser feita na sociedade ou para ser simplesmente roubado. Eu criei então, um personagem que está cansado disso e que mesmo assim não pode fazer nada a não ser viver nessa sociedade capitalista.".

O jovem Henrique é bonito, inteligente, dedicado, mas desde o princípio possui certa antipatia pelo mundo, o que até o torna comicamente sarcástico. Suas indagações e palavras são questionadoras, afinal de contas estuda filosofia e por isso essa veia indagadora é muito forte no personagem, está sempre com uma resposta afiada nas línguas, mas o que de forma nenhuma é um problema, pois o leitor poderá soltar muitas gargalhadas com esse seu jeito humor negro, que arrisco dizer, é um humor mais de alto nível, inteligente, um pouco Woody Allen.

No entanto, todas essas maravilhosas qualidades de Henrique caem por terra quando ele sofre sucessivas desilusões amorosas. É inevitável, a gente sofre junto, se indigna junto por sua má sorte no amor e até mesmo tentamos lhe aconselhar: "Henrique não fique assim", "não faça isso, não crie tantas expectativas...". Identificamo-nos com a dor de nosso herói, seja por um motivo diferente do dele ou não... Mas a gente sente junto, porque a gente sente de novo.

A cada desilusão amorosa de Henrique o seu ódio pelo mundo aumentava. E pela perspectiva do ódio tudo na vida se torna mais denso e intolerável. Compreender o sistema e a forma como diariamente somos impelidos a realizar e muitas vezes trabalhar em coisas que geralmente não nos satisfaz nos massacra cotidianamente e nos faz correr pura e simplesmente atrás de dinheiro que é a única coisa que nos dará uma suposta liberdade. Eis o que podemos concluir juntamente com Henrique, cada um em sua realidade.

Perguntada sobre o que quis suscitar nos leitores a autora responde: "Inúmeras coisas... Sentimentalmente eu queria provocar risadas, raiva, tristeza e felicidade com a conclusão. Mas o meu livro tem uma espécie de lição de vida nas entrelinhas e algumas pessoas que já leram comentaram isso comigo, porque basicamente tudo o que pode acontecer de ruim na vida de uma pessoa acontece na vida de Henrique. Ele experimenta todos os tipos de sentimento.".

Mas a amizade e a fé que os amigos depositam nele, o salva, de uma depressão que poderia não ter fim, e que muitas vezes não tem mesmo... Mas a presença dos amigos pode tornar o dia a dia muito mais fácil, e assim como Henrique, podemos aprender que podemos viver sem brigar com a vida e com o mundo, mesmo que não concordemos com tudo o que há nele.

Sara Muniz diz ter aprendido muito com o personagem principal: "Henrique experimentou todo tipo de sentimento... O da amizade, o da saudade, o da raiva, o do amor, o da perda, o de abandono... Posso dizer que ao escrever aprendi como seria cada sentimento desses (principalmente os negativos). Aprendi que as pessoas podem e devem perdoar para ter a chance de ser feliz e que nada é impossível quando se está determinado.".

Sendo assim, concluo que o livro da autora Sara Muniz é uma obra que não só conta uma história fictícia, mas é a nossa história, porque como o próprio Henrique narra: "Quem já não odiou o mundo?". E igualmente a ele, dia a dia temos que rejeitar e aceitar esse sistema em que vivemos... Rejeitar suas regras, mas aceitá-lo para não tornar nossa existência desprezível. Um jogo de amor e ódio com o mundo. E onde aprendemos a viver, lidar e aprender com todos os sentimentos que nos rodeiam, sejam bons ou ruins.

Aprendam também com essa emocionante história!
 
Design e diagramação
Em forma de E-book, o livro tem uma diagramação simples que juntamente com a linguagem jovial e dinâmica da autora proporcionam uma leitura leve e prazerosa. Não possui imagens, o que não é um impedimento para que o livro seja divertido e dinâmico.


 
Sobre o autor

Sara Muniz reside em São José dos Pinhais, PR. Nascida em 1998. Escreve para o blog Interesses Sutis. Escreveu a Fanfic original "As missões de um cavaleiro" de fantasia. Seu sonho é se formar em Letras. E adora a banda Three Days Grace.
 
Postagem feita por:
 


Titta. Formada em Tradutor e Intérprete em Espanhol. Reviso, traduzo e produzo textos na Língua Portuguesa e Espanhola, tanto Textos Técnicos e Comerciais como Jornalísticos, Publicitários e Literários. 
Com noções de Jornalismo, sendo Estudante de Teatro, trabalhei em editora como revisora de texto e coordenadora editorial e dei Aulas Particulares de Espanhol, no que se referir à Comunicação Escrita e Verbal, Arte e Criatividade, estarei mais que habilitada a fazer. Como ler é minha profissão e meu maior prazer e por estar muito engajada na linguagem artística contribuir como resenhista de obras literárias será mais que um prazer.


Encontre  Monólogo de Julieta  também no:

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