Sobre a Bienal do Livro do Ceará

By Paloma Viricio - janeiro 12, 2015


Preciso confessar: Morria de inveja das pessoas que tinham a oportunidade de participar de grandes eventos literários, que possuíam, além dos stands de livrarias, palestras e outras atividades. 



Como moro em Fortaleza e frequento a Bienal a desde que tinha 10 anos, já sabia como o esquema funcionaria – haveria atividades para crianças brincarem e contarem histórias, desenharem, confeccionarem bonecos, e palestras voltadas para o público adulto, que ficava perfeitamente sentando escutando algo sobre um escritor do qual eu nunca escutara falar. 

Minhas expectativas que já eram inexistentes, tornaram-se nulas com a demora para publicar a programação do evento (ele só saiu cerca de uma semana antes!).  Contudo, fui agraciada com uma ótima surpresa, o tema da Bienal de 2014 seria Juventude Fantástica. E um dos meus escritores brasileiros favoritos de fantasia viria para participar de um podcast com o RapaduraCast e de uma palestra sobre a sua jornada de escritor para sair do anonimato para as maiores casas de publicação do país.


Pirataria – a grande inimiga?
Fotos: Isabelle R


No dia 12 de dezembro, ocorreu um Podcast ao vivo com a participação dos escritores Raphael Draccon e Carolina Munhóz. O tema foi algo que gerou muita polêmica e Eu estava esperando o pessoal do RapaduraCast liberá-lo para que vocês pudessem escutar, porém um mês se passou e nada de eles o postarem na internet... Então, vou contar um pouco sobre os rumos tomados nesse debate.

Num palco à frente de centenas de pessoas ansiosas e inquietas pelo início da conversa, estavam o pessoal do RapaduraCast, o maior podcast brasileiro sobre cinema, e os dois escritores, entre eles dois advogados que, como seria de se esperar, fizeram questão de se posicionar sobre a ilegalidade da pirataria. Contudo, de outro lado, outros participantes levantaram a questão polêmica de que a pirataria ajuda, sim, no crescimento da legião de fãs e no reconhecimento, por todo o globo, de séries, filmes e 
músicas que, de outra forma, de uma forma legal, não alcançariam tamanho público, por ficar restrito ao país ou à região em que foram produzidos. 

Um dos melhores exemplos citados foi o caso de Breaking Bad, que era praticamente desconhecida durante as suas primeiras temporadas, até que, de repente, aparentemente do dia para a noite, ocorreu um booom de popularidade, e ela se tornou a série mais cool dos últimos anos. Tudo isso graças à pirataria.

É também através do download ilegal de música que muitos artistas se tornaram conhecidos. Por que você acha que, de repente, todo mundo está escutando aquela banda indie que só você conhecia? (Beijinhos para quem pensou logo em Arctic Monkeys).

Contudo, algo que foi lembrado durante a discussão é a diferença entre as particularidades dos casos citados. Aqueles que produzem músicas, filmes e séries possuem outras formas de sustento, seja através de shows, venda de bonecos e camisas personalizadas; enquanto aqueles que produzem, por exemplo, livros ganham, na maioria das vezes, somente através da venda do exemplo físico e/ou digital. Aqui jaz a face malévola da pirataria, já que, de fato, ela gera gigantesca perda de lucro para 
milhares de pessoas que, assim como nós, precisam se alimentar, pagar contas, sustentar as suas famílias.

Então, será que as vantagens sobrepõem os danos causados pela pirataria? Será ela a grande vilã da internet?

A jornada do escritor

Desde a primeira vez em que entrei em contato com a obra do Raphael Draccon, tive grande admiração e respeito por ele, por causa de dois fatos. Primeiro, há cerca de quatro anos, ele era um dos poucos autores brasileiros que possuíam algum destaque na blogosfera literária; a sua trilogia, Dragões de Éter, era um fenômeno brasileiro. E eu o achava uma espécie de herói por conseguir tal feito. 

Segundo, ele é um dos responsáveis, talvez o mais importante, por trazer As Crônicas de Gelo e Fogo para o Brasil. Como não adorar este homem? Só por causa disso eu já o considerava uma pessoa fantástica, incrivelmente sábia, que merecia tudo de bom neste mundo. Após escutar a sua história de vida até chegar àquele palco, minha admiração por ele só cresceu. Sua infância esteve repleta de adversidades, ele cresceu numa região pobre, com uma avó que sofria de alcoolismo. Seu pai não apoiava o seu amor pelos livros e sua mãe precisava batalhar para conseguir sustentar a família. 

Durante a adolescência, ele tentou trabalhar numa livraria. Não o aceitaram. Ele se conformou, mas não deixou de frequentar o lugar que considerava o seu oásis. Todos os dias, ele ficava transitando pela livraria, lendo tudo o que podia, ajudando os clientes e funcionários. Ele era fascinado pelo Augusto Cury, por considerá-lo uma espécie, também, de herói, já que ele era o escritor brasileiro que mais vendia naquela época. O seu fascínio levou-o a escrever o roteiro cinematográfico da adaptação de um dos livros do Cury, e ele fez tudo o que estava ao seu alcance para entrar em contado com o escritor e mostrar-lhe o Foi dessa forma que, por acaso ou por consequência de sua persistência, ele conheceu um dos maiores escritores vivos em língua portuguesa.

Algo interessante sobre Draccon é que um de seus sonhos era se tornar faixa preta. Ele não apenas o realizou, como foi além deste sonho. Aos 18 anos, assumiu como professor de um dojo de artes marciais.

Formado em cinema, escreveu roteiros premiados e dirigiu videoclipes para famosos, como Claudia Leite.Não foi surpresa, então, que seu primeiro romance tivesse permanecido por meses na lista dos mais vendidos. De lá para cá, sua carreira não parou de decolar, de forma que será produzido um reality show sobre a sua vida pessoal ao lado da sua esposa e também escritora, Carolina Munhóz. 

Para quem tiver mais interesse em conhecer as conquistas do Draccon, acesse a página sobre o escritor aqui (link: http://www.raphaeldraccon.com/blog/?page_id=2).



Livros, livros, menos livros


Bienal do Livro, além de grande atração cultural, é também um espaço para se vender livros. Contudo, foi-se o tempo em que isso significava livro a bom preço. O que encontrei, na verdade, foram livros com preço semelhante, quando não maior!, do que o da livraria. Os preços eram os mesmos de um stand ao outro, sem falar que o estoque nunca renovava (e eu fui praticamente todos os dias). De todos os anos, este foi o pior nesse quesito.

Obviamente, havia livros baratinhos, vendidos a R$ 20,00 e a R$ 15,00, mas esses eram claramente usados. Havia alguns bons, porém a maioria ou eu não tinha interesse, ou não comprava porque estava amassado e rasgado. Foi difícil, gente...

Postagem feita por:

Isabelle, pseudo-escritora, sonhadora, tento fazer poesia, mas acabo aglutinando demais minhas palavras e tudo vira prosa com toque de melancolia. Deixe-me, que ainda estou aprendendo o ofício. Tenho 18 anos vividos como um sopro e aquela sensação ruim de que tudo está acontecendo rápido demais. Fora isso, gosto de música, de livros, de filmes e de todos os clichês de sempre.


Facebook PessoalSkoob - TwitterGoogle +-Tumblr


Encontre  Monólogo de Julieta  também no:

  • Share:

You Might Also Like

11 comments