Resenha- O Vitral- Fernando Valverde

By Paloma Viricio - julho 06, 2015

Enquanto aguardava o concerto dentro da capela de um colégio, Addae Emussen observou que em um dos vitrais daquele lugar havia uma gravura nada condizente com a fé cristã. Atento a todos os detalhes, logo percebeu que o vitral não estava ali por acaso. Nele está embutido um singelo convite deixado por uma fraternidade milenar, que, infiltrada no Vaticano e também em diversas outras religiões espalhadas pelo mundo, atravessa os séculos com a missão de guardar o segredo que mudaria o rumo da humanidade. Para conhecer tal mistério, todos os envolvidos deveriam passar por uma transformação psíquica e espiritual, e Addae Emussen estava pronto para viver tal experiência. O enigma do vitral e o interesse que a fraternidade tem em chegar até o Addae é o ponto de partida deste romance, que envolverá você, leitor, e o fará trilhar um caminho mágico pelos mistérios da vida e da criação.
Classificação:


Ficha técnica
Título: O Vitral – Guardiões da Última Profecia
Autor: Fernando Valverde
Categorias: Fantasia, Ficção, Religião e Espiritualidade
Número de páginas: 376
ISBN-13: 9788542803198
Editora: Novo Século

Notas
Capa: 8/10
Conteúdo: 7/10
Diagramação: 7/10
Geral: 65/100

A realidade debaixo do véu
Por Isabelle Rocha

Eu preciso ser sincera: não gostei desse livro. Porém, ainda há certos aspectos positivos que me sinto obrigada a destacar.

A história acompanhará Addae em sua jornada por desvelar os segredos da fé e o véu que cobre a nossa realidade, em outras palavras, pode-se dizer que ele passa por uma série de etapas, treinos e reflexões com o objetivo final de transcender, ampliar a capacidade de percepção da sua consciência. Essa jornada começa quando ele nota que um vitral, numa igreja cristã, possui determinados símbolos que não parecem ser adequados para a representação que a maioria dos cristãos possui de suas crenças e de seus dogmas. A curiosidade de descobrir os segredos por trás daqueles símbolos o leva a entrar em contato com uma fraternidade milenar composta por praticantes de diferentes religiões.

O que mais gostei neste livro foi que o autor trata com muita delicadeza e sensibilidade um tema que é praticamente tabu na sociedade, a religião. Quando digo que este é tabu, refiro-me ao fato de que as pessoas não pensam criticamente acerca das crenças religiosas que seguem. Apesar de falar sobre outras religiões, o autor, Fernando Valverde, fala principalmente sobre o cristianismo. Através de diálogos muito interessantes e densos, os personagens debatem sobre a tendência do homem de corromper os princípios da fé e de usá-la para dominar outros homens. Na maioria das vezes, as pessoas seguem algo somente por que foram ensinadas desde pequenas que aquele é o certo e a única verdadeira forma de salvação, se não o fizerem, sofrerão eternamente castigos por sua desobediência.

“É que quando olho para as pessoas que praticam o Cristianismo ou qualquer outra religião, parece que todos estão dentro de um aquário. Dá a impressão de que só é permitido experimentar aquilo que se oferece. Se você tem um anseio maior pelo sagrado e decide sair em busca de respostas, parece cometer um grave pecado.” P. 22

Ademais, há algo ainda mais interessante que aparece em um dos diálogos. As pessoas parecem estar interessadas a buscar a orientação de padres, filósofos, psicólogos, porém muito dificilmente estão inclinadas a seguir os seus ensinamentos. Elas apenas fazem aquilo que irá favorecê-las de alguma forma, trazer-lhe prestígio social, porém não estão dispostas a realmente sacrificar parte de seus bens e de seu tempo, de seus sentimentos, em prol de ajudar outra pessoa que não faça parte de seus círculos sociais mais próximos. Mais do que isso, elas dificilmente procuram compreender pessoas que pensem ou que possuam pontos de vista diferentes do seu. Suas convicções, assim como sua religião, são únicas, e quem não concordar com elas está terrivelmente errado.

Eu gostei bastante da parte em que o Addae experimenta as formas de celebração da fé em diversas religiões. É uma parte realmente linda, que apenas serviu para reafirmar tudo em que sempre acreditei – todas estas religiões, assim como as ciências, são apenas formas diferentes de falar sobre a mesma coisa, de alcançar o mesmo propósito, o qual deveria ser a união, o respeito, a tolerância, o amor e a paz.

“Cada um de nós, cada coisa existente aqui é um pedaço dela. Somos a fração de ‘Deus’ tomando consciência de si mesmos.” P. 139

O grande problema, para mim, foi a narração. Além de cansativa, senti que o autor demorou bem mais do que deveria até alcançar o ponto alto da sua história. Algo que realmente me incomodou foi que, nas melhores partes, o autor parecia falar sobre o que estava acontecendo, ao invés de nos mostrar como estava acontecendo, o que poupa o leitor de sentir na pele o que o protagonista sente. Esses aspectos me incomodaram muito, de forma que eu estava na metade do livro e não sentia a menor vontade de seguir em frente, porque tinha a impressão de que ele não teria nenhuma informação a mais para acrescentar do que já foi falado e repetido várias e várias e várias vezes. Na maioria das partes, achei a leitura chata, sobretudo porque não senti nenhuma conexão com Addae.

De forma geral, achei a ideia da história excelente e a mensagem que ela propõe passar é muito importante, porém a execução deixou a desejar.

Postagem feita por:

Isabelle, pseudo-escritora, sonhadora, tento fazer poesia, mas acabo aglutinando demais minhas palavras e tudo vira prosa com toque de melancolia. Deixe-me, que ainda estou aprendendo o ofício. Tenho 18 anos vividos como um sopro e aquela sensação ruim de que tudo está acontecendo rápido demais. Fora isso, gosto de música, de livros, de filmes e de todos os clichês de sempre.

Facebook PessoalSkoob - TwitterGoogle +-Tumblr


Encontre  Monólogo de Julieta  também no:

  • Share:

You Might Also Like

6 comments