Levinovitz,Alan. A mentira do Glúten : e outros mitos sobre o que você come / Alan Levinovitz.-Porto Alegre: CDG, 2015.
Um trabalho revolucionário de jornalismo científico que acaba de vez com os mitos que dominam as dietas. O estudo mostra aos leitores como livrar-se da culpa e começar a saborear a sua comida novamente.Um livro que certamente gerará muita controvérsia sobre a obsessão que temos em saber quais alimentos são mais adequados para nossa saúde.Liberte-se da culpa e comece a saborear a sua comida novamente.Glúten, Sal, Açúcar e Gordura. Esses são considerados os vilões das dietas – ou pelo menos é isto que alguns médicos e nutricionistas querem que você acredite. Mas a ciência está muito longe do consenso e estamos em uma busca frenética para eliminar o trigo e o xarope de milho das nossas dietas, simplesmente porque fomos enganados. A verdade é que a maioria de nós pode recolocar os seus pães de volta na mesa, juntamente com seus hambúrgueres e ainda sim, ficarmos bem. A Mentira do Glúten, será a resposta para muitas de suas perguntas. Cientistas e médicos, por mais incrível que pareça, ainda não possuem um consenso sobre que tipo de nutrição seria a mais adequada para cada tipo de pessoa, embora, principalmente os americanos, gastem bilhões de dólares e inúmeras horas obcecados em “comer direito”. Nesse trabalho de vanguarda, Alan Levinovitz expõe os mitos por trás das crenças difundidas de porquê algumas comidas são saudáveis e outras são ruins – indicando o caminho para uma vida verdadeiramente saudável, livre de culpa e ansiedade em relação aos nossos hábitos alimentares.
Ficha Técnica
ISBN-13: 9788568014165
Notas
Capa: 10/10
Conteúdo: 9,0/10
Diagramação: 10/10
Conceito Geral: 9,5/100
O medo do Glúten
Por Paloma Viricio
Visão Geral
Por Paloma Viricio
Visão Geral
Pode colocar os pãezinhos em cima da
mesa ou saborear um brioche no café da manhã sem culpa. E pode acreditar, você
não irá morrer por isso. A não ser que por algum azar do destino, se engasgue. A mentira do Glúten cai por terra, a partir, de pesquisas científicas de Alan Levinovitz. A forma de escrita de Levinovitz é bastante suave, mesmo falando de
assuntos teóricos, o que faz o leitor sentir como se estivesse vendo um
documentário. E ele não tem papas na
língua. Desmistifica as bobagens jogadas por ai com excelência e mostra através
de pesquisas e dados sobre o que está falando. “A maioria das crenças sobre o
glúten, a gordura, o açúcar e o sal tem pouca base em fatos e tudo a ver com um
poderoso conjunto de mitos, superstições e mentiras que, apesar dos progressos
científicos moderno, permanecem inalterados há séculos”, p.14. Ao ler o livro e
conhecer os casos que Levinovitz pontuou, pensei em como a maioria das pessoas
são enganadas e manipuladas de forma tão fácil. O trabalho de pesquisa de A mentira do Glúten foi muito bem elaborado, costurado em uma linha perfeita
composta por argumentos bastante sólidos.
Em A mentira do Glúten, o autor não
esclarece somente mitos sobre o glúten, mas também sobre o consumo de sal, açúcar, gordura e carboidratos. A comida é para as pessoas contemporâneas o
bicho papão mais assustador de todos os tempos. Grande maioria está com medo de
comer, acaba se privando de vários alimentos porque são considerados do mal,
principalmente pelo sensacionalismo da mídia. Não é nenhum absurdo ver pessoas
achando que se comerem um pedaço de salsicha, por exemplo, irão ficar com algum
tipo de câncer terminal. Ou então, uma bomba de chocolate pode ser o sinônimo
de uma bomba atômica para o organismo. Agora, torna-se absurdo uma pessoa ir na
padaria de manhã e se deliciar com um sonho ou pão doce. Onde fomos parar? Hoje
é raro alguém saborear uma guloseima sem culpa ou vergonha por estar se “auto-suicidando”.
Engraçado, como a própria demonização do corpo pela sociedade é algo totalmente
absurdo. É bonito ver meninas abaixo do peso, comendo, vomitando e cada dia
mais cadavéricas. Agora, uma moça mais gordinha é taxada, discriminada se está
de biquine na praia.
“Ele sugere que a causa do alargamento
das cinturas e explosão de corações na América não é necessariamente o que
comemos, mas como comemos- de forma
ansiosa, obcecados com a nutrição, contando calorias, esquadrinhando os rótulos
dos alimentos , eliminando alimentos e então os comendo compulsivamente.
Vigiamos o que entra em nossa boca à custa da vigilância sobre o que acontece
em nossa mente, evitando comer porcarias enquanto consumimos má ciência de
forma compulsiva”, p.26. Pessoas que não
possuem tolerância á lactose, fazem uso de enzimas para que o corpo não absorva
a substância, somente porque não querem engordar ao comer um brigadeiro. Essas
atitudes, me causam, no mínimo desprezo, raiva e revolta. E sabe porque eu
sinto tudo isso? Porque eu também era assim. Eu deixava de comer um docinho em
uma festa, eu deixava de comer uma pizza ou uma feijoada por medo de me tornar
ainda mais “gorda x feia” para os outros. Eu tinha vergonha da aparência que
refletia no espelho, porque eu mesma não dava valor para a minha imagem, me
achando inferior por estar acima do peso. Entretanto, quem não se permitia ver
no espelho não era a sociedade manipulante e sim eu mesma. Eu anotava tudo que
comia em um caderninho, não me permitindo ultrapassar determinada quantidade de
calorias por dia. Eu queria emagrecer, inicialmente deu certo, mas depois eu
comia compulsivamente e acabei engordando ainda mais. Porque nessas
substituições loucas eu deixava de comer determinada porção de arroz, por
exemplo, para comer chocolate. Acabei aumentando minha glicose e pegando uma
anemia. Ainda bem que acordei cedo e vi a burrada que estava fazendo. O proibido
é o melhor dos desejos e nem todos conseguem fugir dele.
Foi ai que resolvi dar um basta, ser
feliz, comer de tudo, mas de forma correta. É isso que Levinovitz
tenta mostrar com A mentira do Glúten e toda sua irônica e ácida crítica. É
possível comer de tudo, na medida certa, fazendo reeducação alimentar em vez de
dietas doentias. “Comer com moderação tem sido a monótona recomendação do senso
comum há milhares de anos, e, a esse sábio conselho dietético, tanto religião
quanto ciência não acrescentam praticamente nada que resista a uma análise
rigorosa. Pessoas que dizem o contrário estão, na melhor das hipóteses, exagerando
evidências e lembre-se: na ciência, exagero é uma mentira deslavada”, p.24.
O livro é sensacional, mas a parte que
mais gostei foi sobre o açúcar. Descobri vários fatos, inclusive históricos,
bastante interessantes sobre “a peste branca”. Por exemplo, não sabia que o
açúcar antes era artigo somente para a elite e que depois, ao se popularizar,
tornou-se algo tido com vulgar, para os fracos. As embalagens de chocolate,
quase sempre, vinham com imagens de mulheres sensuais e atrevidas. Simbolizando
que a audácia de comer chocolate, seria mais ou menos, como fazer sexo em
público. O açúcar passou a representar um prazer tão carnal quanto o do sexual. Isso seria por que os dois
liberam a substância de prazer no nosso organismo (endorfina)? Ou apenas por
fundamentos supersticiosos? Acredito que seja porque as pessoas não se permitem viver! “Mas a demonização do açúcar retrocede muito além
dos desafortunados ratos de John Yudkin.
O açúcar foi rotulado de viciante e tóxico antes dos exames cerebrais e
da epidemia de obesidade infantil. As razões para a sucrofobia sempre tiveram
pouco a ver com ciência e tudo a ver com moralismo, superstição e medo puritano
de prazeres pecaminosos”, p.103.
Lembrei ainda de um episódio polêmico
de Os Simpsons (Margie Agridoce) onde,Homer, convence á todos que engordem
monstruosamente para que consigam entrar para
um livro de recordes como a cidade mais gorda do mundo. Só que Margie
não acha essa atitude nada legal, ela vê que as pessoas estão tornando-se
viciadas e processa a industria de açúcar de Springfield. Margie ganha a causa,
fazendo com o que todo e qualquer tipo de açúcar seja banido da cidade. Isso,
faz com que “a peste branca” torne-se uma espécie de droga, vendida
ilegalmente. “Pão, o esteio da vida, é, na verdade, o esteio da morte. A
ciência, dizem, é clara: toda vez que você bebe uma cerveja ou come uma
tortilha de farinha está envenenando-se com uma
toxina mais viciante e perigosa do que a cocaína”, p.30. Achei bastante
interessante porque o que acontece na
vida real é algo muito parecido. A solução, ao meu ver, não é tratar o açúcar,
o sal, a gordura, o glúten, como uma droga e sim consumi-los na medida certa.
Já que, tudo que você ingerir em excesso acabará te viciando. No final das
contas, não são os alimentos que vão te matar e sim você mesmo.
Sem dúvidas A mentira do glúten é um
livro excelente. Portanto, se você quer saber a verdade sobre o consumo dos
alimentos e como eles realmente afetam seu organismo, esse livro, é uma boa
pedida. Não permita ser manipulado por superstições ou achismos. A ciência
nutricional é mais complexa e complicada do que você imagina porque o ser
humano também é. Ás vezes, uma dieta que você faça não surtirá bom efeito no
organismo de outra pessoa e vice-versa. É preciso se alimentar com consciência,
sem preconceitos e ser feliz. Muito bom! Leitura indicada!
Design
e diagramação
O miolo é impresso em papel pólen,
agradável para leitura. As letras apresentam-se em tamanho e espaçamento aconchegantes.
As divisões dos capítulos estão bem elaboradas
e os títulos e subtítulos corretamente organizados, auxiliando a leitura
e futuras consultas ao temas propostos. A capa foi elaborada por Pâmela
Siqueria e ficou bastante atrativa, harmoniosa, mil vezes melhor que a capa
estrangeira.
Sobre
o autor
Alan Levinovitz é professor assistente
de religião na James Madison University. Seu trabalho acadêmico concentra-se no
pensamento chinês clássico, a filosofia de jogo, e a interseção da religião e
medicina. Como estudante, ele estudou filosofia e religião na Universidade de
Stanford, recebendo seu PhD em religião e literatura na Universidade de Chicago
Divinity School. Allan, já teve
trabalhos divulgados em diversas revistas acadêmicas. Vive em Charlottesville,
Virginia com sua esposa, sua filha, e um gato. Fonte: The Gluten Lie.
O trabalho O medo do Glúten de Paloma Viricio foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Brasil.
Obs.: Todos os textos produzidos neste blog são da minha autoria e estão registrados. Se utilizá-los, por favor lembre-se dos créditos.
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