Resenha- Insólita- Bernardo Carneiro Horta
By Paloma Viricio - abril 12, 2016
Ao longo dos 12 contos, encontram-se personagens que experimentam reviravoltas reveladoras de suas identidades. Surpresa, desconcerto, surto, vexame, ato falho e constrangimento permeiam a obra, repensando o conceito de normalidade e expondo os desvios do universo psíquico e da realidade factual. “Insólita encaminha o leitor a destinos exóticos e, ao mesmo tempo, banais. Os contos apontam para a perplexidade frente à contradição e ao inesperado”, observa Horta. Além disso, está presente o indivíduo exilado de si – la personne déplacée. Por vezes, o personagem é um estranho em seu próprio corpo. Noutras, o imigrante de sua identidade invertida pelos acontecimentos. Seres refugiados da condição humana, deslocados em vidas que não escolheram. Os contos expõem a razão rompida pelo afeto. Forças, que antes residiam na sombra, explodem em situações bizarras. Amor que se expressa no ódio, verdade incluída na mentira, sofisticação em decadência. Pode-se afirmar que Insólita discorre sobre a luta entre luz e escuridão, que impele o sujeito ao cumprimento social da norma e, simultaneamente, o convida a anomalia de seus instintos essenciais.
Ficha Técnica
Título: INSOLITA: CONTOS
ISBN: 9788590822226
Idioma: Português
Encadernação: Brochura
Formato: 14 x 23
Páginas: 152
Ano de edição: 2014
Edição: 1ª
Notas
Capa:
10/10
Conteúdo:
10/10
Diagramação:
10/10
Conceito
Geral: 10/100
Insólito
autoconhecimento
Por Nathália Lima
Um livro de contos com os mais variados
temas, e ainda que se trate de uma ficção, possui um clima realístico e
verossímil incrível. Estórias que se entrelaçam com a trajetória histórica
brasileira e que ao mesmo tempo fala de inquietações que perturbam a alma de
qualquer indivíduo, provocando uma “certa” viagem de autoconhecimento que se
estende ao leitor. Não apenas os personagens se descobrem, nós também.
Depressão, força e milagres da natureza,
ditadura militar, comodismos e anseios matrimoniais, autoimagem e
autoconhecimento, redescobrimento da própria moral e valores, peso e a inversão
dos princípios éticos e profissionais, são todos temas que o autor trabalha no livro. É impossível não ter
uma conexão com a história ou com os sentimentos que os personagens vivenciam,
é muito humano e muito próximo de nosso contexto social, possibilitando não só
uma identificação, mas nos convidando a refletir sobre a vida e sociedade na
qual vivemos. Muitas histórias são análogas aos momentos históricos do Brasil,
o que ressalta a importância do pensamento histórico na vida de qualquer
indivíduo e sociedade.
O autor possui uma linguagem simples,
mas rebuscada, que deixa a leitura fluente e que desperta curiosidade a cada
página. Em seu estilo há uma mescla de gêneros literários, oscilando entre o narrativo
e o poético, fazendo-o de forma singela e bem-sucedida o efeito que reflete em
nós leitores é o lirismo existente em cada cena cotidiana dos acontecimentos
pelos quais os personagens passam e nós passamos, sejam eles cômicos ou
trágicos.
Uma leitura que com tom de realidade,
com voz poética, falando sobre os anseios do indivíduo e do ser social...
Provoca reflexão, emoção e empatia. Imperdível!
Boa leitura!
Sobre
o autor:
Bernardo Carneiro Horta é jornalista
formado pela PUC-RIO. É autor, mas também escreve para jornais e revistas e
como assessor de imprensa colaborou com a elaboração de roteiros em
publicidade. É servidor público do Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI). Escreveu as biografias: Nise –
Arqueólogo dos mares (2008) e Anália
Franco – Quem é ela? (2012). Insólita
é a sua primeira obra de ficção.
Postagem feita por:
Natitta Lima. Formada em Tradutor e Intérprete em Espanhol. Reviso, traduzo e produzo textos na Língua Portuguesa e Espanhola, tanto Textos Técnicos e Comerciais como Jornalísticos, Publicitários e Literários.
Com noções de Jornalismo, sendo Estudante de Teatro, trabalhei em editora como revisora de texto e coordenadora editorial e dei Aulas Particulares de Espanhol, no que se referir à Comunicação Escrita e Verbal, Arte e Criatividade, estarei mais que habilitada a fazer. Como ler é minha profissão e meu maior prazer e por estar muito engajada na linguagem artística contribuir como resenhista de obras literárias será mais que um prazer.
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