Aveyard, Victoria. A rainha vermelha/ Victoria Aveyard; tradução Cristian Clemente. – 1ª Ed. – São Paulo: Seguinte, 2015.
O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos: plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses. Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Entretanto, numa reviravolta do destino, ela consegue um emprego no palácio real, onde, em frente ao rei e a toda a nobreza, descobre que tem um poder misterioso Mas como isso seria possível, se seu sangue é vermelho? Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações da garota vão desencadear uma dança violenta e fatal, que colocará príncipe contra príncipe - e Mare contra seu próprio coração.
Ficha Técnica
ISBN-10: 8565765695
Ano: 2015
Páginas: 422
Idioma: português
Editora: Seguinte
Capa: 10/10
Conteúdo: 09/10
Diagramação: 10/10
Conceito Geral: 95/100
Vermelhos e Prateados
Por Paloma Viricio
“O mundo é prateado, mas também cinza. Não existem o preto e o branco”, p. 235. A disputa para a sobrevivência é regada por uma divisão cruel e sanguinária. Não existe o bem ou o mal. Ganha quem possuir o poder.
A Rainha Vermelha é a primeira obra que leio de Victoria Aveyard. A trama desenvolvida pela autora viraria facilmente, um filme de grandes proporções. Os leitores inseridos no ambiente alimentado por vermelhos e prateados são levados para um universo completamente diferente do real. Um mundo de ganância, poder, morte e dor. Não é possível um meio termo. Ou você torce para vermelhos ou prateados. Ficar em cima do muro é assumir um punhal nas costas. Agora imagine uma menina jovem, que viveu toda existência em um dos extremos, ser obrigada a conviver com outro de uma hora para outra. Ou ela assume a nova personalidade que prepararam para ela, ou é dizimada em conjunto com todos aqueles que ama de verdade. “As árvores são estranhas: altíssimas, com casca negra e folhas vermelhas e escuras. Um silêncio mortal, que nenhuma floresta deveria ter predomina. Não há canto de pássaros, e o céu escurece adiante, mas não por causa do pôr do sol. Nuvens negras se amontoam sobre as árvores e pairam como um cobertor grosso”, p. 311.
Um dos meus gêneros favoritos é distopia. Por ai, você já imagina como minha mente leitora ficou fascinada com A Rainha Vermelha. Gostei principalmente porque Aveyard criou uma trama completamente nova e fascinante. Nunca tinha lido nada parecido com o que foi apresentado nesse livro. Quer dizer... todo aquele começo junto com a realeza, as competições para a escolha de uma esposa para o futuro rei, me fizeram recordar um pouco da trilogia A seleção, de Kiera Cass, mesmo sendo distopias completamente diferentes. Até mesmo Mare me lembrou em muitas atitudes, e com seu próprio jeito, América Singer. Entretanto, devo confessar que Mare, me agrada muito mais. Ela é rebelde, destemida, não abaixa a cabeça para ninguém. Isso a coloca diversas vezes, em uma enrascada maior que a outra. É isso que dá gás para a história. É isso que faz um personagem se tornar especial. Faz seu sangue correr nas veias.
Sobre Cal... aquele rostinho bonito, valente e perfeito não me convenceu em nada. Eu sabia que em algum momento do livro iria me decepcionar. E decepcionou feio. Não sei, mas minhas suspeitas me fazem perceber que ele não é daquelas personagens ruins em essência. Acredito que muitas besteiras que o mesmo faz é por pura falta de consciência de que existem outras pessoas fora do mundinho dele que não aguentam mais ser oprimida por um reizinho de m*&%$#. É... sei que o instinto dele de guerra fala mais alto do que os próprios sentimentos. “O sangue dele pode ser prateado, mas seu coração é negro como pele queimada. Quando seus olhos procuram os meus, faço questão de virar o rosto. Em vez de me deixar enganar por sua ternura, por sua estranha bondade, me apego à lembrança do inferno. Cal é mais perigoso que todos os outros juntos. Não posso me esquecer disso”, p. 218.
Só tenho uma palavra para resumir o Rei: Um idiota! Como ele não conseguia ver tudo aquilo que estava acontecendo ao redor dele? Que raiva...tem gente que nasce para ser fantoche! Por incrível que pareça, mesmo sabendo que a Rainha é uma cobra, não consegui sentir asco por ela um só minuto. Ela é como uma onça, pronta para defender seus próprios interesses, uma daquelas pessoas que age por instinto.
Maven! O que posso falar desse personagem que se tornou o meu preferido? Não sei...acho que ele tem tudo na medida certa. Até os defeitos, sabe? Para tudo! Não posso me apaixonar. (Brincadeirinha, rs) Um dos personagens que, ao meu ponto de vista, a autora fazia de tudo para ‘incriminar’, mas que não deixou a desejar em nenhum momento. Ele é como se fosse um espelho da mãe na questão força e inteligência, mas que age para o lado oposto dela. O bem. “Maven me deixa divagar. Seu olhos pensativos observam as emoções que se manifestam no meu rosto. Ele sempre me deixa com meus pensamentos. Ás vezes, seu silêncio é melhor que as palavras de qualquer pessoa”, p.297.
Fiquei muito fula da vida com a Mare por várias coisas que ela fez com o Maven, até mesmo uns pensamentos que ela tinha sobre ele. Mas sei lá, personagens humanos são tão reais, cheios de defeitos que cometem várias cagadas. Isso é a vida... fato! Mas sabe o que é mais interessante em todo o livros? Ninguém é completamente bom ou mau. Todos possuem os dois lados... ou apenas o verdadeiro poder. Muito bom! Indico com toda certeza. Estou ansiosa para ler a continuação.
Design e diagramação
A capa desse livro é sinônimo da realeza. Ôh coisa bonita, sô! Toda revestida em o que imagino ser Hot Stamp na cor prateada. Uma coisa fina que só. O miolo é impresso em papel pólen, a diagramação interna é singela, mas não deixa de ser excelente. A letra não é tão grande, mas os espaçamentos certinhos e o papel já auxiliam na leitura. Além disso, essa edição tem algo que amo... a brochura é composta por orelhas espaçosas que dão um ar bem legal ao acabamento do livro. Sobre a revisão, não tenho nada do que reclamar, os três revisores fizeram um excelente trabalho juntos.
Sobre a autora
Cresceu em Massachusetts e frequentou a Universidade do Sul da Califórnia, em Los Angeles. Formou-se como roteirista e tenta combinar seu amor por história, explosões e heroínas fortes na sua escrita. Seus hobbies incluem a tarefa impossível de prever o que vai acontecer em As Crônicas de Gelo e Fogo, viajar e assistir a Netflix. Fonte: Skoob.
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Obs.: Todos os textos produzidos neste blog são da minha autoria e estão registrados. Se utilizá-los, por favor lembre-se dos créditos.
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