O que poderia ter sido

By Paloma Viricio - junho 02, 2017


Que grande aventura era a vida de Edmundo, ele acordava todos os dias às seis horas da manhã e se lembrava da vida que não teve, dos amores possíveis e impossíveis, daquele emprego dos sonhos que ele poderia ter conseguido se tivesse encarado o medo de falar em público, e no fim ele continuava buscando algum sentido nos dias que se repetiam, se perguntando se era um dia a mais ou a menos. Em meio ao caos ele pensava nas coisas que não podia ver, no que ele não podia ter e no que não podia ser.

A vida o castigara pra valer, isso era verdade, mas o desgraçado continuava ali. Pagava as contas, alimentava seu gato, desejava mais dinheiro e sonhava em não precisar mais ter que desejar. Desejar era tão desgastante, tantas pessoas desejando coisas e experiências. Carros! Motos! Uma viagem para Paris! Diabos, para quê, afinal? Por que tanta gente queria ir para uma cidade que não conhece por alguns dias, ver coisas que nunca mais verá, pessoas com quem nunca mais conversará. Era tão inútil viver de coisas finitas, já não bastava a vida dele ser assim? Memórias que só lhe fará se entristecer por não poder mais viver naquele momento.
Persiga seus sonhos! Era o que os pais dele diziam. Mas o Edmundo nunca teve sonhos que precisasse ser perseguidos. Ele não fez faculdade, não queria um carro, muito menos nenhuma paixão para lhe distrair. Era estranho para ele ver as pessoas tão realizadas por finalmente comprar o diacho de uma casa, por que um teto fixo era tão importante para as pessoas afinal? Por que pagar sua vida inteira por algo que provavelmente será demolido algum dia? Pensou tanto sobre isso, até que concluiu que nunca chegaria a uma conclusão.

A vida de Edmundo era uma grande aventura, porque no fim ele não fazia a menor ideia de qual direção deveria tomar, e ele pouco se importava com isso. Nunca pensou em felicidade, mas se imaginava feliz algum dia. Sobre o que poderia ter sido era só uma forma de ele fugir das coisas que são. Era estranho como as possibilidades são muito mais interessantes quando elas nunca chegam a se concretizar. Talvez houvesse algum segredo nisso.
Oi, pessoal! Eu sou Jadson Lucas Ribeiro, tenho 22 anos completados em Março. Sou estudante de Artes Visuais pela UFRB. Adoro escrever desde meus 14 anos, quando comecei a escrever poesias, depois passei a me aventurar pelo mundo das crônicas, e enfim escrevi meu primeiro romance aos 17 anos, o qual só publiquei no ano seguinte com 18 anos. Minha primeira publicação, porém, foi um conto romântico, publicado numa Coletânea de contos da Editora Andross. O meu primeiro romance se chama "De Novo: dois segundos para o amor" e foi lançado em 2014 pela editora Selo Jovem.

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