Resenha- Discobiografia Legionária- Chris Fuscaldo

By Paloma Viricio - julho 27, 2017

Fuscaldo, Chris.Discobiografia Legionária/ Chris Fuscaldo.- São Paulo:Leya, 2016. 
Quem nunca se pegou cantarolando uma música da Legião Urbana atire a primeira pedra! Com uma multidão de fãs que permanecem fiéis mesmo tantos anos após o término da parceria, a banda liderada por Renato Russo faz parte do imaginário cultural e afetivo do país. Aos vinte anos da morte de seu vocalista, este livro faz um resgate das histórias por trás de canções como “Eduardo e Mônica”, “Pais e Filhos” e outros clássicos da Legião Urbana que permanecem vivos por gerações.

Classificação:











Ficha Técnica
ISBN-10: 8544104819
Ano: 2016
Páginas: 216
Idioma: português 
Editora: Leya

Notas
Capa: 10/10
Conteúdo: 10/10
Diagramação: 10/10
Conceito Geral: 100/100

A revolução da Legião Urbana
Por Paloma Viricio

Visão Geral
Tenho certeza que todo bom brasileiro já ouviu ou curtiu alguma música da Legião Urbana, isso acontecia comigo desde criança. Era sempre um ‘Pais e Filhos’ ou ‘Será’ tocando no rádio. Mas lembro como se fosse hoje o dia que escutei Legião de verdade. Quando era adolescente costumava ouvir todas as  noites um programa de rock chamado MachineHead- Rock para que gosta de Rock. Enquanto o rádio tocava, eu apenas observava do terraço de casa o vai e vem dos carros na rodovia lá longe. Até que no meio de muito metal e flok veio Angra dos Reis. Foi ali, naquela noite, que parei para refletir sobre uma letra cheia de melancolia, emoção, sentimento que nem mesmo eram meus, mas que tiveram o poder de mexer comigo estranhamente enquanto o vento cuidava de brincar com meus cabelos. Dali em diante passei a pesquisar sobre a banda, ver entrevistas na internet e conhecer todos os álbuns. Imagine a surpresa ao ver que Fuscaldo havia escrito um livro inteirinho contando a história dos músicos. Não pensei duas vezes e parti para a leitura.


Discobiografia Legionária foi um dos melhores livros que li na minha vida. A autora soube juntar a história da banda, momentos históricos da época e personagens de forma ímpar. É claro, tudo muito bem dividido e misturado com cada música e álbum da Legião. Depois desse livro eu nunca mais vou escutar uma canção deles da forma como escutava antes. Tudo que eles passaram como banda, o amadurecimento e conflito pessoal de cada um, principalmente do Renato Russo, foram de primordial importância para que eu agregasse ainda mais valor ao trabalho da Legião. “Se as coisas não estão do jeito que eu quero, eu mando aumentar guitarra, mando baixar guitarra. Mas isso você não pode fazer, principalmente no amor. Eu nem sei direito o que é o amor. Você não pode ter uma relação de força, de poder. Eu já sofri muito na vida por causa disso. Tanta gente já foi embora da minha vida por causa disso. Porque eu sou mandão, sabe qual é? Com a melhor das intenções”, p. 144. Em ler as narrações sobre as dificuldades enfrentadas em estúdio, principalmente técnicas, fico pensando em como temos facilidade hoje em dia com toda tecnologia disponível. Naquela época era paulera. Além de enfrentar bloqueios de criatividade para compor as músicas, o pessoal ainda tinha que se virar com as trapaças técnicas daquele período.


Discobiografia Legionária traz detalhes sobre os álbuns iniciais da banda como também sobre álbuns solos e lançados após a morte de Renato Russo. Além disso, somos presenteados com tanta coisa interessante. Por exemplo, quem diria que Faroeste Caboclo foi música censurada para os rádios. Imagine hoje em dia como a censura da época não ficaria louca... Mas Faroeste era tão boa que derrubou a censura e quando emplacou nas rádios foi sucesso na certa. Urbana sendo Legião e sempre derrubando barreiras. É isso, o livro é maravilhoso, sem palavras. Uma banda que fez parte da história do nosso país. Músicas que gritavam por igualdade, amor e justiça em um país ainda dilacerado pela ditadura, politicagem e violência. Por isso, que irei me declarar legionária ever. “Uma vez, vi o Renato falando: ‘Não deixe que ninguém diga que seu sonho é babaquice, que o que você quer não vai dar certo.’ Passei a seguir esse discurso”, p.81. 

Design e Diagramação

A capa desse livro é muito bonita. Azul é uma das minha cores preferidas para capas de livros. O miolo é impresso em papel branco e apresenta várias imagens que ajudam a dividir os capítulos. E o detalhe mais legal é que dentro as imagens também são coloridas é difícil achar livro com miolo colorido. As letras e espaçamento são confortáveis para leitura.

Sobre a autora

Fiz mestrado em Letras. Agora, estou no doutorado do mesmo programa: Literatura, Cultura e Contemporaneidade, da Puc-Rio. Publiquei em 2016 o livro Discobiografia Legionária, em que conto histórias sobre as gravações dos discos da Legião Urbana. Estou prestes a terminar uma biografia do cantor e compositor Zé Ramalho. Em 2017, estrearei como cantora e compositora no álbum autoral Mundo Ficção, que tomei coragem e gravei, apoiada pelo músico e produtor argentino Juan Cardoni. Comecei a compor tarde, mais especificamente em 2014. Antes, tinha feito apenas uma parceria com Totonho e Taís Salles que estava engavetada. Com o que eu produzi entre 2014 e 2016, eu e Juan fizemos uma espécie de obra de pop-rock-tango. Fonte: Site da autora.

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