Entrevista com autora Diana Scarpine

By Paloma Viricio - agosto 02, 2017


Olá Romeus e Julietas! Hoje trago entrevista com a fofa da escritora Diana Scarpine. Ela é autora do livros Uma chance para recomeçar e Entrelace. Vamos conferir?

Carina é uma workaholic rica e bem-sucedida cuja vida se resume ao trabalho. Afogada em estresse, ela não se importa com a solidão que habita seu coração, pois o amor nunca foi uma de suas prioridades, até que algo inusitado acontece. Repentinamente, ela se vê privada do trabalho e, desesperadamente, desejando aplacar a solidão que a consome, principalmente quando conhece Aurélio, que a trata de uma forma diferente da qual ela está acostumada. Consumido pela tragédia que vitimou sua família e deixou-lhe sequelas físicas e emocionais, Aurélio não quer nada além de se
afundar cada vez mais na dor e na culpa que sente. Suas certezas começam a ficar abaladas à medida
que Carina se aproxima cada vez mais dele. Quantos obstáculos são necessários vencer para recomeçar? O amor é capaz de vencer as amarras do passado e o preconceito?
                                
Autora: Diana Scarpine
Número de páginas: 432
Ano de publicação: 2016
Editora: Pandorga


Monólogo de Julieta- Como iniciou o desejo de ser escritora?

Diana Scarpine- Meu desejo de ser escritora surgiu quando eu tinha 12 anos de idade, porque eu gostava das aulas de redação do colégio e porque eu não me sentia representada pelos livros que lia na época; mas como eu achava que, para ser escritor(a), era necessário viver grandes aventuras (coisa de criança), não comecei a escrever aí, pois minha vida era comum (ainda é). Um ano depois, assisti a um filme antigo chamado Adorável Sedutora (Her Alibi), que conta a história de um escritor atrapalhado que está passando por um bloqueio criativo. Com esse filme, percebi que os(as) escritores(as) são pessoas comuns e que eu poderia ser uma escritora. Então, comecei a escrever aos 13 anos de idade, mas não publiquei nada até 2012.

Monólogo de Julieta- Você tem 02 livros publicados, certo? Como faz para conciliar a escrita com outras atividades na sua vida?

Diana Scarpine- Certo: “Entrelace: Caminhos que se Cruzam ao Acaso” e “Uma Chance para Recomeçar”. Não é fácil conciliar escrita com outras atividades. Às vezes, acordo inspirada, mas não posso escrever naquele momento. Em outras vezes, faço “malabarismos” para encaixar um momento para a escrita em meu dia e, em alguns, consigo; em outros, não. Quando consigo, às vezes, estou tão cansada que a inspiração não vem. Escrever assim é um exercício de amor à literatura e de persistência. E creio que não sou a única que faz este exercício. Como eu, muitos(as) escritores(as) brasileiros (as) não conseguem viver de literatura e precisam ter outras atividades para se sustentar.

Monólogo de Julieta-Qual desses livros é seu xodó? Por quê?

Diana Scarpine- Eu amo tanto “Uma Chance para Recomeçar” como “Entrelace: Caminhos que se Cruzam ao Acaso”; mas meu xodó é  “Entrelace: Caminhos que se Cruzam ao Acaso”; porque ele é o primeiro livro que eu publiquei e, a meu ver, representa o meu amadurecimento enquanto escritora. Antes de Entrelace, minha escrita era focada no entretenimento e na minha necessidade de me sentir representada. Mas, à medida que eu crescia e avançava nos estudos, comecei a perceber que eu gostava de livros realistas e que a literatura, além de entretenimento, deve conter também crítica social e fazer o leitor refletir. É apostando nessa necessidade de crítica social, de instigar a reflexão que, hoje, meus livros vão além da  minha necessidade de autorrepresentação, eles abordam temas atuais que considero relevantes como o preconceito, autopreconceito e acessibilidade, dentre outros. Entrelace é a ruptura com a primeira fase da minha escrita. Ele é o primeiro livro da segunda fase da minha escrita, uma fase mais crítica, mais realista.

Monólogo de Julieta- Nos conte um pouco sobre como tirou inspiração para criar seus livros.

Diana Scarpine- Eu tiro inspiração do cotidiano, da vida real. Não são livros biográficos (não escrevo biografias), mas eu tenho uma deficiência física e estudo sobre deficiência desde a graduação (hoje, estou no doutorado). Deficiência parece ser um tema simples, mas não é. Se, no início, eu queria me fazer representar (escrever personagens com deficiência, pois eles não eram comuns nos livros que eu lia; hoje, eu não quero apenas trazer um personagem com deficiência para o centro da narrativa. Quero abordar temas pertinentes a este público no qual me incluo. Mas a inspiração não vem de mim, vem de situações do cotidiano. Por exemplo: a inspiração para Aurélio de “Uma Chance para Recomeçar” surgiu quando eu vi a desenvoltura de um cego ao atravessar a rua num trânsito super movimentado na cidade de Jequié-BA.

Monólogo de Julieta-Se pudesse ser personagem de um dos seus livros qual seria? Por quê?

Diana Scarpine- Essa é uma pergunta difícil, pois cada um dos meus personagens principais tem características que eu aprecio. Henri é bem resolvido, tem uma autoestima elevada; Aurélio precisa reconstruir a própria autoimagem e livrar-se do autopreconceito; Carol e  Carina são duas mulheres fortes, embora sejam bastante diferentes uma da outra… Mas, já que é para escolher um, escolho Henri; pois, a meu ver, ele quebra o estereótipo de “coitado (a)” que ainda é atribuído às pessoas com deficiência em muitos contextos e pelo próprio fato de que Entrelace, para mim, representa a emergência de uma nova fase em minha escrita.

Monólogo de Julieta-Como seria seu paraíso literário?

Diana Scarpine- Seria uma grande biblioteca cheia de livros do chão ao teto. Sonho de consumo…

Monólogo de Julieta- Como sente-se com a receptividade das pessoas que leram suas obras?

Diana Scarpine- Fico imensamente feliz quando as (as) leitoras (es) me enviam mensagens pelo facebook e/ou e-mail falando que gostaram dos livros e/ou conversam comigo sobre eles. Isso é um grande presente para mim. Sou muito grata a todas (os) elas (es) pelo carinho!

Monólogo de Julieta-Diga um autor preferido no Brasil? Por quê?

Diana Scarpine-  Machado de Assis; porque sou apaixonada pela forma como ele conversa com o leitor (quando leio um livro dele, é como se ele estivesse na sala da minha casa me contado a história) e porque a narrativa dele tem um cunho psicológico sutil que me encanta.

Monólogo de Julieta- Diga um autor estrangeiro preferido? Por quê?

Diana Scarpine- Susanna Kearsley; porque sou apaixonada pela escrita poética desta autora. Pena que os livros dela não são publicados no Brasil.

Monólogo de Julieta- Qual a dica que você daria para futuros escritores?

Diana Scarpine- Leia: um escritor (a) deve ser um bom leitor. Escreva sobre algo que você gosta e conhece. Isso significa que é importante pesquisar sobre o que se vai escrever e ter em mente que  mensagem você pretende passar para seus leitores. Em suma, se você quer ser um bom escritor, leia, pesquise, reflita sobre o que pretende escrever e não desanime; pois o mercado literário não é nada fácil  para os escritores brasileiros.

Monólogo de Julieta-Para encerrar gostaria de fazer um bate e volta com você.
Diana Scarpine-
Uma pessoa: Vou citar três: meu filho, meu marido e minha mãe.
Um desejo: Poder me dedicar mais à literatura.
Um livro: Os livros que já publiquei: “Uma Chance para Recomeçar” e “Entrelace: Caminhos que se Cruzam ao Acaso”.
Uma música: Gosto de muitas, mas vou citar Chão de Giz de Zé Ramalho.
Uma comida: Torta salgada
Uma bebida: Água
Uma frase: Uma frase minha mesmo: Trate o outro como você gostaria de ser tratado. Antes de qualquer palavra ou atitude, pense: eu gostaria de ouvir isso? Gostaria de ser tratado assim? Se todas as pessoas tratassem as outras como gostariam de ser tratadas, o mundo seria mais amigável.
Animal de estimação: Não tenho.
Filhos: Amor.
Dinheiro: Importante para se sustentar.
Felicidade: Para mim, é estar com a minha família.
Fama: É efêmera.
O mundo: Precisa melhorar.
Chocolate: Delicioso.
Falsidade: É algo que não é legal, que machuca.
Literatura: Uma paixão.

 


Diana Scarpine é baiana da cidade de Jequié, possui graduação em Ciências Biológicas, mestrado na área de saúde e atualmente cursa doutorado, no qual tem se dedicado ao estudo da deficiência e da Tecnologia Assistiva. Apaixonada por literatura, escreve desde os treze anos de idade, transitando entre a prosa e a poesia. Além de “Uma Chance para Recomeçar”, é autora de “Entrelace: Caminhos que se Cruzam ao Acaso” (1ª edição: 2012/ 2ª edição a ser publicada em janeiro de 2017).

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