[Resenha] Darkmouth - Os caçadores de Lendas - Shane Hegarty
By Paloma Viricio - novembro 25, 2017
Hegarty, Shane. Darkmouth/ Shane Hegarty; tradução Bárbara Menezes de Azevedo Belamoglie.-Ribeirão Preto, SP: Novo Conceito Editora, 2017.
Elas estão chegando! As Lendas (ou melhor, monstros aterrorizantes que se alimentam de humanos) invadiram a cidade de “Darkmouth”. Elas querem dominar o mundo. Mas não entre em pânico! Finn, o último dos Caçadores de Lendas, vai nos proteger. Finn tem doze anos, adora animais, não leva muito jeito para lutar; mas é muito, muito esforçado. E todos nós sabemos que ser esforçado é a melhor arma contra um Minotauro faminto, né? Hum... Pensando bem, pode entrar em pânico. Entre em pânico agora! Corra!
Ficha Técnica
ISBN-10: 8581636772
Ano: 2017
Páginas: 336
Idioma: português
Editora: #Irado
Notas
Capa: 09/10
Conteúdo: 08/10
Diagramação: 10/10
Conceito Geral: 95/100
O mundo das lendas
Por Paloma Viricio
Por Paloma Viricio
Visão Geral
“(...) Darkmouth é, na verdade, um lugarzinho bem legal. (...) E ninguém é comido por um monstro há algum tempo. (...) Darkmouth é a última das Vilas Flageladas. E as Lendas reaparecem de vez em quando”, p. 09. Um lugar pequeno, misterioso, com pessoas que pareceram esquecidas algum dia por alguém. Darkmouth não recebia um morador novo há séculos, mas a todo tempo animais assustadores disputavam espaço com os humanos.
Darkmouth é um livro interessante, composto por mistério, fantasia, aventura, além de uma sacada bem humorada. Quando comecei a ler não sabia o que iria encontrar, mas adorei a forma como o autor desenvolveu a trama, principalmente o jeito único que ele possui para narrar os acontecimentos. Shane Hegarty desenvolve uma escrita fácil, leve que conquista o leitor e o embala na trama de forma ímpar.
Darkmouth é um lugarzinho muito agradável, mas confesso que repleto de pessoas esquisitas. Eles precisam conviver com as lendas que comem humanos, mas na verdade acredito que o ser humano seja o maior mostro predador que existe. Essa é uma crítica ácida que o autor faz questão de deixar bem clara durante todo o livro. Apesar de se tratar de algo totalmente diferente, o livro me fez lembrar bastante a criação de J.K. Rowling, Animais fantásticos e onde habitam. Não há nada de bruxaria ou magia, mas acho que o fato dessa convivência de pessoas com animais fantásticos é o que me fez associar um ao outro. “O Sr. Glad procurou em uma tigela de frutas algo que o apetecesse, Finn observou em silêncio, sentiu-se enjoado. Suas narinas ainda ardiam por ter inalado água do mar. Ele sentia gosto de diesel na boca e de fracasso no fundo do estômago”, p.126.
Finn é um dos principais da trama. Filho de Hugo, o caça lendas atual de Darkmouth, o menino tem a missão de aprender todas as técnicas para substituir o pai. Os dois são membros de uma família que há anos caça lendas, protegendo a vila e pessoas das criaturas que chegam através de portais. Finn é um menino de 12 anos, muito doce, um amor de pessoa. Ele não queria carregar nas costas o peso de ser um caçador, mas não teve outra opção. O Pai dele, Hugo, não deixa mole. Fica o tempo todo treinando e pegando no pé do menino para que tenha êxito nas caçadas assim como ele teve. Só que Finn não mostra muitas habilidades na formação. Isso faz com que o pai seja muitas vezes cruel com ele. O ego de Hugo fala mais alto que tudo. Senti muita pena de Finn em diversos momentos. Sr. Glad é um esquisitão sem tamanhos. Há anos é amigo do pai do menino e o ajuda com equipamentos especiais para caçar as criaturas, mas o mistério que ronda o homem vai muito além do que ele realmente aparenta ser.
Gostei muito do livro. Achei a leitura leve, proveitosa e adorável. O único ponto negativo foi que o autor fazia alguns acontecimentos passarem muito rápido, poderia detalhar mais. De resto é uma obra de fantasia maravilhosa que vale ser lida por os admiradores do gênero. Darkmouth- Os caçadores de Lendas é o primeiro livro da série. Estou ansiosa para saber o que virá por ai. “O povo de Darkmouth havia sido passivo por tempo demais. Uma tempestade começara e a paciência deles acabara. Eles emergiam das casas, lojas e restaurantes. Um a um. Depois, dois a dois. Pequenos grupos se unindo em uma marcha pelas ruas molhadas. Todos indo na mesma direção. Para a fonte daquela tristeza na sua cidade”, p.263.
Design e diagramação
Cada começo de capítulo é assim. Esse círculo fofo com número, lá no rodapé o potinho com o número da página dentro e para separar trechos encontramos esse mini dragão. |
O livro é bem feito, detalhado. É exatamente assim que imagino uma lenda, como a da capa. No título da capa e lombada há uma textura diferenciada, parece um courinho e achei isso sensacional porque essa é uma das características das Lendas. O interessante é que o livro é recheado de ilustrações lindas que ajudam a mente do leitor fluir. O miolo é impresso em papel pólen com letras, espaçamento hiper confortáveis para leitura.
Sobre o autor
Já foi editor de arte de jornal The Irish Times, mas agora se dedica à profissão de escritor. Ele mora na costa leste da Irlanda, em uma cidadezinha que se parece um pouco com Darkmouth, só que não tem monstros. Fonte: Editora Novo Conceito.
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