Quando seres interplanetários deixam marcas na Terra, a Dra. Louise Banks (Amy Adams), uma linguista especialista no assunto, é procurada por militares para traduzir os sinais e desvendar se os alienígenas representam uma ameaça ou não. No entanto, a resposta para todas as perguntas e mistérios pode ameaçar a vida de Louise e a existência de toda a humanidade.
Por Paloma Viricio
O universo não pertence somente a nós
Difícil entender como a mente humana funciona. A linguagem da nossa raça será equivalente a de outras? Não conseguimos entendê-los ou nós que não o fazemos entender? Lembranças. O sentimento mais forte que constitui nossa história. Um embaralhado de idéias até que é feita a grande descoberta. O universo não é somente nosso. A chegada é um filme que fala sobre amor, respeito das diferenças, comunicação e linguística. Entretanto é muito mais que isso. A ficção científica dirigida por Denis Villeneuve nos presenteia com excelência, fazendo com que diversas vertentes reflexivas nos invada.
“A memória é uma coisa estranha.”
Sapir- Whorf na prática
A chegada traz a imagem de extraterrestres totalmente diferente do absurdo que estamos habituados a ver. Por que não é claro para o homem que possa haver vida inteligente fora da Terra? Inteligente sim, mas não necessariamente idêntica a nossa. A trama nós faz embarcar em uma espécie de Relativismo Linguístico. O mesmo constituído pela hipótese Sapir-Whorf, apresentada em 1930, pelos lingüistas Edward Sapir e Benjamin Lee Whorf. A Teoria dos estudiosos faz cair por terra a anterior que acreditava que pessoas viviam em universos mentais reclusos relativos à cultura e língua que estão habituadas. Na hipótese Sapir-Whorf anula-se a relação de que o homem em primeira instância aprenderia a linguagem para posteriormente desenvolver a arte do pensamento.
O contato das raças
Após objetos não identificados com aparência de concha, formados por mais de 450 metros de altura pousarem em diversas partes da Terra, nem um mutirão de homens armados seria páreo para desvendar o mistério que nossa raça estava prestes a descobrir. Evoluímos nossa tecnologia de forma ímpar nos últimos anos, mas isso não é sinônimo de que aprendemos a nos desprender totalmente do nosso instinto mais rudimentar.
Empoderamento feminino em alta
É nesse turbilhão de informação que a genialidade da professora de linguística Louise Banks (Amy Adams) entra em cena. Fazendo com que atitudes racionais valham muito mais do que velhos hábitos de destruição que o ser humano vem perpetuando com exemplar ignorância. Louise mostra que a intuição de uma mulher pode trazer mais resultados do que a força bruta de mil homens. E sim... há empoderamento feminino gritando a todo momento no filme. A estudiosa consegue associar a teoria lingüística citada acima na prática. Fica claro que para entender a linguagem de qualquer espécie é preciso saber pensar como tal.
“A língua é o alicerce da civilização. É a cola que une as pessoas.”
O tempo é Linear
Poderíamos pensar que o filme se passa entre passado e presente. Mas quando passamos a entender a mente da protagonista , o modo de comunicação novo e como a linguagem universal funciona, descobrimos que a ordem cronológica dos fatos também é alterada pela relação de como a humanidade pode enxergar a questão de que o espaço tempo é capaz de trazer avanços magníficos se não tratado como algo linear. O universo está cheio de possibilidades.
Juntando as peças
Além disso, A chegada, critica de forma clara como o ser humano ainda precisa se desenvolver intelectual e moralmente. Que é normal a raça humana temer o desconhecido, agindo através da ignorância e barbárie. A reflexão transparece... Como poderíamos buscar um avanço sem mudar isso? O que traz a lembranças questões já discutidas no documentário A Data Limite e em O livro Secreto das Raças Alienígenas.
Roteiro profissional
Inteligentíssimo e de arrepiar. Um toque de sutileza, poesia, nos faz amar cada palavra pronunciada e fato apresentado. Os personagens são bem construídos, peculiares. O trabalho envolvente do americano Eric Heisserer, que coleciona oito anos de carreira, surpreende o espectador pela magnitude do enredo. O filme foi baseado na obra de Ted Chiang, um conto titulado como História da sua vida (1999). Originalmente a película foi nomeada como "Story Of Your Life", mas devido a rejeição do público de teste, houve alteração do nome para o original.
Música que acaricia o sentidos
A trilha sonora do filme é magnífica. Um dos pontos altos que faz o espectador fortalecer os sentimentos passados com as cenas. Trabalho realizado por Jóhann Jóhannsson que também produziu trilha para o filme Mãe, dirigido por Darren Aronofsky e A Teoria de tudo por James Marsh. Parece que as trilhas produzidas pelo Islandês são sucessos na certa. O compositor que coleciona de cerca 10 mil seguidores no canal oficial no Youtube alcançou mais de um milhão de visualizações somente na música chave de A chegada.
“Já observo as estrelas há tanto tempo que nem lembro quando comecei. Sabe o que mais me surpreende? Não foi conhecê-las. Foi conhecer você.”
A Resenha A Chegada The Arrival Movie de Paloma Viricio foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Brasil.
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