[Resenha] Não Quero Nascer - Alegra Te Vittone

By Paloma Viricio - fevereiro 02, 2018

Júlia tem tudo o que muitos gostariam de possuir: um apartamento grande, um ensino de alta qualidade e, sobretudo, o carinho e a proteção de seus pais. Porém, Júlia carrega consigo uma profecia desde o seu nascimento, o que a faz constantemente ficar diante da morte. Lumumba, um velho africano, é o único capaz de quebrar essa profecia. Entretanto, por descuido dos pais de Júlia, essa profecia transformará a vida de todos ao redor da garota em um verdadeiro pesadelo. Que mistério é esse que faz de Júlia uma pessoa tão diferente das outras? Por que a morte a atrai tanto? E por que o amor de seus pais não é o suficiente para ela? Esses e outros enigmas serão encontrados durante toda a história em “Não Quero Nascer – Um pacto que transcende a vida”.
Classificação: 







Ficha Técnica
ISBN-10: 8566701917
Ano: 2017
Páginas: 188
Idioma: português
Editora: Selo Jovem

Notas
Capa: 07/10
Conteúdo: 08/10
Diagramação: 04/10
Conceito Geral: 75/100

Só há vida através do amor
Por Paloma Viricio
Visão Geral
Quando nós amamos alguém, não devemos esperar nada em troca, apenas temos que agir de acordo com nossa consciência, amar sem exigir do outro a mesma intensidade de nosso sentimento”, p.174. O amor é um sentimento tão forte que pode transformar pessoas. Disso a maioria de nós possui convicção. Mas , quando esse sentimento não consegue alojar o coração de alguns, a vida pode ser apenas mais um episódio de tédio coletivo.

Não quero Nascer é uma obra sensacional porque te enriquece de diversas formas. O livro possui forte engajamento em questão de sentimentos, espiritualidade e família. Apesar de tratar de sentimentos delicados, como questão de evolução do espírito, não é necessariamente voltado para nenhuma religião especifica. É possível aprender com as personagens que o mundo físico que vivemos é parte de algo muito maior. É interessante refletir sobre o tempo que dispomos aqui e como muitas vezes é desperdiçado sem êxito de aproveitamento.

Júlia é a personagem principal. Podemos acompanhá-la desde o início da gestação da mãe até a idade adulta. Após terminar a leitura, algumas questões ficaram mais claras para mim, mas durante a mesma, Júlia não era uma personagem muito agradável. Pelo contrário... me atrevo a dizer que Alegra Te Vittone criou em Júlia uma protagonista antagonista de si mesmo. A personagem é extremamente arrogante , prepotente e orgulhosa. Diversas vezes fiquei com raiva de Júlia, principalmente pelo modo como tratava os próprios pais.  “Júlia cansou-se de procurar pelos outros e resolveu recostar-se em uma enorme árvore. A jovem pegou sua mochila e dela tirou o celular com intuito de ligar para alguém do grupo, mas desistiu quando viu que o aparelho acusava estar fora da área de cobertura. Júlia respirou fundo, pensando em algo que a tirasse dali, e abraçou a árvore como uma forma de lhe dar forças”, p.82.

Lumumba, apesar de ter aparecido pouco, foi alguém que muito me agradou. Através do seu jeito misterioso, peculiar, me atraiu bastante interesse. Assim como os pais da Júlia. Maurício e Sara são muito agradáveis, são aquela espécie de pais nota dez. Por isso, quando Júlia cismava de ‘sacanear’ eles eu ficava muito revoltada. O mesmo acontecia com o namorado, Décio. Coitado... parecia um banana (Quase Paola Bracho e Carlos Daniel) na mão da malvada da Júlia. Tudo isso porque a jovem era uma pessoa incapacitada de amar.

Os nomes Abeni, Abasi, Eze, Iroko, me deixaram um pouco confusa porque até se acostumar fiquei tendo que reler trechos para gravar quem era quem. Além desse ponto negativo e falhas na revisão, posso dizer que as mudanças de tempo das ações dos personagens não ficaram muito claras. Ás vezes de uma cena pulava para outra sem ao mesmo haver uma explicação e isso me incomodou demais porque me sentia deslocada na leitura. Algo tão simples...que poderia ter sido resolvido com alguns asterísco ou linhas de separação entre um tempo da trama e outro, já que o enredo fazia parte do mesmo capítulo. 

Em suma, a escrita de Alegra Te Vittone é contagiante. Fora os empecilhos que citei acima, a autora sou me conquistar com a trama de Júlia. Os capítulos com títulos são um ponto forte do livro, já que são bem criativos e nos ajudam a se situar durante cena e sequela. Uma obra escrita de forma espetacular que precisava apenas de uma revisão urgente e uma segunda edição feita com mais capricho por parte da editora. “Durante a madrugada quando todos dormiam no apartamento, Júlia levantou-se de sua cama e se dirigiu para a janela para tomar um ar fresco. Seu rosto suado a fez despertar durante a noite pensando no que ocorrera a ela durante o passeio. A imagem daquela imensa floresta tomara posse completamente de seus pensamentos e seu desejo, mesmo que inconsciente, era de retornar àquele lugar”, p.89.

Design e diagramação
A capa do livro ficou bem legal. Gosto muito de cores azuis e verdes...acho que já falei isso por aqui. Só que infelizmente o trabalho da Selo Jovem deixou a desejar. A obra poderia ter sido finalizada de forma muito melhor. Isso não tem nada que ver com a escrita da autora, mas com a diagramação mal feita da editora. Eu já vi outros livros deles com os mesmos problemas. O material usado para a capa poderia ter sido de qualidade superior. As letras, espaçamentos mais confortáveis... enfim, eles deixam a desejar.

Sobre a autora

Alegra Te Vittone, pseudônimo de Alessandra da Silva dos Santos, é natural da cidade do Rio de Janeiro. Graduada Bacharel em Produção Cultural, atriz, compositora e escritora. Publicou onze poemas de sua autoria em uma coletânea de poesias de diversos autores, no ano de 2016, porém não se considera uma poetisa em potencial. “Não Quero Nascer – Um Pacto Que Transcende A Vida” é o seu primeiro romance sólido, nascido de uma experiência espiritual vivenciada pela autora, que passou a sentir o desejo em escrever um livro, tendo, antes deste, criado outros dois romances inacabados, mas que serviram como treino para sua escrita. É admiradora de romances espiritualistas e de fantasias. Fonte: Skoob.

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