[ENTREVISTA] AUTORA DE UMA CONVERSA COM AS PALAVRAS CONTA SUA INSPIRAÇÃO PARA PUBLICAR LIVRO
By Paloma Viricio - março 10, 2020
Paloma Viricio- Como iniciou o desejo de ser escritora?
Há quanto tempo escreve?
Rejane Luci S.da C. Knoth- Desde criança, gostava de escrever. Criava músicas, pequenos poemas e a
aula que mais gostava era a de Redação ou quando um(a) professor(a) solicitava
a produção de um texto. Além disso, minha mãe é escritora, tem cinco livros
lançados e está na conclusão do próximo. Inspirei-me nela também.
Paloma Viricio- Uma conversa com as palavras é seu
primeiro livro publicado, certo? Nos fale mais sobre ele.
Rejane Luci S.da C. Knoth- Sim. A publicação do livro “Uma conversa com as palavras” é a realização
de um desejo antigo. Busquei alguns textos que já havia escrito, ouvi pessoas
sobre o que pensam da realidade que estamos vivendo, li poemas de diversos
autores, tomei coragem e o publiquei.
Paloma Viricio- Como surgiu a ideia de criar Uma conversa com as palavras?
Rejane Luci S.da C. Knoth- Inspirada pelas palavras do mestre Machado de Assis, busquei expor meus
sentimentos, demonstrar minha emoção, dizer o que pensava. Foi a forma que
encontrei de mostrar que me importo com o que acontece com as pessoas, com o
mundo, a maneira que achei de estar no mundo. Acredito que a poesia tem o poder
de fazer tudo isso de uma maneira bela e viva.
Paloma Viricio- Seu livro representa uma reflexão sobre
os dias difíceis que vivemos atualmente. Qual a técnica usada para chamar
atenção sobre temas tão importantes como os que aborda no livro?
Rejane Luci S.da C. Knoth- Uso a rima, muitas às vezes rimas pobres, outras vezes ricas ou raras; algumas
vezes, a rima aparece imperfeita; quanto à posição ela surge alternada,
paralela, interpolada, ou utilizo o verso branco. Enfim, uso, principalmente, a
rima, mas lanço mão de versos com métrica diferente para formar as estrofes e
das maravilhosas figuras de linguagem. Procuro dar ritmo e sonoridade aos
poemas.
Paloma Viricio- Como definiria o sentimento poético?
Rejane Luci S.da C. Knoth- Definiria como algo que existe dentro da gente, é só procurar nos nossos
momentos de alegria, de tristeza, ou seja, nas nossas emoções vivendo-as
intensamente e verdadeiramente as coisas são transformadas e pode virar poesia,
para tornar a vida menos fria, menos sofrida e mais real, no entanto mais
bonita. Apesar de tudo...
Paloma Viricio- De todos os temas que abordou no livro
qual julga mais importante? Por quê?
Rejane Luci S.da C. Knoth- A questão da violência contra a mulher. Porque sou mulher e toda mulher merece
respeito, porque necessitamos falar mais sobre o assunto, porque precisamos
denunciar sempre, porque é urgente cumprir a lei... São vários porquês.
Paloma Viricio- Como seria seu paraíso literário?
Rejane Luci S.da C. Knoth- Seria a família incentivando a leitura, a escola motivando, a sociedade
inspirando e, assim, crianças e jovens, estimulados a ler e a escrever,
tornando-se adultos preparados para viver num paraíso literário.
Paloma Viricio- Como sente-se com a receptividade das
pessoas que leram sua obra?
Rejane Luci S.da C. Knoth- A receptividade é quase nenhuma. O que eu acho uma pena!
Paloma Viricio- O que você acha do mercado editorial
brasileiro?
Rejane Luci S.da C. Knoth- Acho que o mercado editorial encontra-se em uma situação
preocupante. Livrarias estão fechando... A rapidez e a estabilidade da Internet
distanciam as pessoas dos livros e ler não é prioridade para o brasileiro. Só
publiquei meu livro porque paguei por isso. E mais, não consegui colocá-lo à
venda em nenhuma loja física.
Paloma Viricio- Diga um autor preferido no
Brasil? Por quê?
Rejane Luci S.da C. Knoth- Machado de Assis. Porque em seus livros percebo seu engajamento social e
político; apesar de escritos em outro século, o autor consegue refletir a
realidade contemporânea de forma espetacular em seus textos, isso me encanta!
Seu olhar ácido para o ser humano, para sociedade burguesa da época é incrível!
Suas ironias são magníficas e o uso de forma fantástica da metalinguagem
colocam Machado como um escritor diferenciado.
Na poesia, gosto de Mário Quintana.
Paloma Viricio- Diga um autor estrangeiro preferido? Por quê?
Rejane Luci S.da C. Knoth- Gosto de Ernest
Hemingway. Porque ele nos apresenta personagens que enobrecem o caráter e a
perseverança do ser humano, apesar das adversidades, como em “O velho e o mar”,
uma história de superação e fé no homem.
“Não há nada nobre em ser superior ao seu
semelhante. A verdadeira nobreza é ser superior ao seu antigo eu”. (Ernest Hemingway)
Paloma Viricio- Qual a dica que você daria para futuros
escritores?
Rejane Luci S.da C. Knoth- Que não desistam. Mas que é muito difícil publicar um livro no Brasil.
Paloma Viricio- Para encerrar gostaria de fazer um bate
e volta com você.
Rejane Luci S.da C. Knoth-
Uma pessoa: minha mãe, Estela Mares
Um desejo: ver a profissão do professor valorizada em nosso país
Um livro: Uma conversa com as palavras, da minha autoria (rss)
Uma música: “Os quereres” de Caetano Veloso
(...)
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alta, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão
(...)
Uma comida: comida baiana, qualquer uma
Uma bebida: água natural
Uma frase: “Seu pensamento determina sua vida”, autor desconhecido (pelo menos
para mim)
Animal de estimação: as aves, pela liberdade (algumas)
Felicidade: é família, é ler um livro, é viajar, é ter amigos, é estar viva e
cultivar minha fé no Criador.
Literatura: uso da palavra para ressignificar a realidade, expressar uma visão de
mundo e exprimir sentimentos e emoções.
Rejane
Luci Silva da Costa Knoth
Baiana
de Inhambupe
Professora e escritora
Graduada em Letras Vernáculas com
Inglês - UNEB
Especialista em Educação Infantil -
UNEB
Pós-Graduada em Metodologias do Ensino
da Língua Portuguesa - UGF
Mestre em Letras – UNEB
e-mail: reluknoth@yahoo.com.br
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