Por Paloma Viricio
O DESNUDAR DO POETA
Amo poesias porque elas tem o poder de desnudar as pessoas. Através da composição das poesias o autor se torna forte e fraco ao mesmo tempo e tudo isso dependerá do grau de sensibilidade de quem escreve, mas também de que lê.
Muitas pessoas "não gostam" de poesias, mas vejo que as poesias realmente não são para qualquer um. São só para aqueles que mesmo sem ter escrito um verso, são lá no fundo poetas.
Em um mundo onde é difícil ter paciência e tempo para ouvir o outro, como entender o eu-lírico de alguém? Por isso, não me surpreende esse desgostar coletivo.
Como ando na contra mão...
respiro poesia sem pena.
Leio.
Escrevo.
TRADUTOR DE CHUVAS É APAIXONAR-SE SEM APAIXONADO ESTAR
Me apaixono sem apaixonada estar.
Mia couto fisgou o âmago dos meus sentimentos com Tradutor de Chuvas. O autor é simplesmente genial em suas composições. Me embebedei na relação nostálgica que ele lança em quem está lendo. Tem tanto dele ali. Tem muito da sua família, das suas relações sociais, da infância, da natureza, do mundo e do pai que também era poeta e quem apresentou esse mundo ao autor desde cedo.
A figura paterna se faz presente em peso no livro. Não somente como alicerce, mas como insegurança e muitas vezes espelho do autor. Como ele mesmo nos deixa claro logo no início do livro.
Tradutor de Chuvas é um pedaço do coração do autor costurando ao nosso porque Mia Couto é representativo.
Ele se faz presente, ausente nele mesmo como nos faríamos em nós.
O MIA COUTO É O AUTOR DE MOÇAMBIQUE MAIS TRADUZIDO DO MUNDO
Li esse livro em companhia de uma xícara de chá. Em um dia em que o céu resolveu lavar as janelas. Não somente o tempo foi importante aqui. Não por ser um livro curto. Sim, por ser um livro bom. Por ser um livro que me tocou demasiadamente em um curto torpor.
Não me surpreende o autor ser o moçambiquenho mais traduzido do mundo. Ele possui obras traduzidas em mais de 22 países. Além do português, suas obras se apresentam em alemão, francês, castelhano, inglês, catalão e italiano. São mais de 27 obras e 10 premiações mundiais, sendo uma delas o importante Prêmio de Camões.
Mas Mia Couto não nos toca por ser o autor de Moçambique mais traduzido do mundo. Ele nos toca pelo poder de Traduzir o mundo em nós.
Obs.: Todos os textos produzidos neste blog são da minha autoria e estão registrados. Se utilizá-los, por favor lembre-se dos créditos.
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