‘ SWEET TOOTH ’ : RECONEXÃO COM A NATUREZA E FÉ NA HUMANIDADE
'SWEET TOOTH': RECONEXÃO COM A NATUREZA E FÉ NA HUMANIDADE
Por Paloma Viricio
Sweet Tooth é a nova série de fantasia da Netflix embalada por cenário pós-apocalíptico com estreia marcada para a próxima sexta-feira (04/06). Com roteiro muito bem escrito, a produção promete amolecer até mesmo corações mais durões.
Quem está por dentro dos lançamentos da Netflix para o mês de junho e nutri grandes expectativas, mas ainda não imagina toda a avalanche de sentimentos que essa produção irá causar, pode começar a se preparar.
Sweet Tooth é baseada na aclamada série em quadrinhos da DC criada por Jeff Lemire (2009), tem produção executiva de Jim Mickle, Beth Schwartz, Robert Downey, Jr., Susan Downey, Amanda Burrell e Linda Moran. Será que ainda podemos chamar o mundo de lar?
“O Grande Esfacelamento” trouxe sérias consequências para a humanidade, causou o surgimento dos bebês híbridos que possuem partes humanas e animais. Como o nascimento dessas crianças é um grande mistério, alguns humanos as caçam por não compreenderem se são parte do novo vírus ou a causa dele.
Bebês-Híbridos-Sweet-Tooth |
Aventura além dos limites da floresta
O toque especial da série fica por conta de Gus (Christian
Convery) ou bico doce, o menino-cervo que irá encantar seu coração. É bem
interessante ver o mundo através dos olhos dele. A criança possui uma inocência
natural que nós adultos já esquecemos em alguma fase distante.
Menino-Cervo e Richard Fox - Pai |
Só que Gus é um menino que viveu toda sua vida
isolado na floresta aos cuidados do Pai. Então, ele possui naturalmente o dobro
de inocência que uma criança criada em sociedade comum possuiria. O
menino-cervo é otimista, engraçado, por vezes, bem teimoso. Ele me fez dar
ótimas risadas, além de deixar meus olhos marejados em muitas cenas.
Tudo muda ao encontrar um amigo misterioso
A vida de Gus muda completamente após ele
enfrentar o mundo além dos limites da floresta. Lá fora o menino-cervo encontra
a maldade do mundo, mas também um viajante solitário chamado Jepperd (Nonso
Anozie). Esse é o início de uma grande amizade.
Sweet-Tooth-e-Big-Man |
Big man, carinhosamente chamado de Grandão por
Gus é um homem carrancudo, de poucas palavras que traz em suas lembranças muito
mais do que apenas uma cicatriz misteriosa no peito. O sofrimento causado pelo
vírus poderá manter o coração de Grandão sempre endurecido?
O menino-cervo é sem sombra de dúvidas quem mais mexe conosco. Diversas vezes você irá querer parar para pegá-lo no colo. Ele vai descobrir o mundo aos poucos, a convivência com as pessoas, desilusões e como cada vez mais alimentar as esperanças. Eu amei Gus, tão fofo, sincero e cativante.
Parecia apenas cena de ficção científica
Sweet Tooth foi publicada em quadrinhos no ano de 2009, adaptada
para se tornar uma série Netflix em 2016, quatro anos antes do nosso mundo se
tornar um caos. Ninguém poderia imaginar que ficção fosse fazer parte da nossa
realidade. E como não se identificar?
Sweet-Tooth-Bico-Doce |
A sensação de desespero da humanidade, a falta de
certeza de um futuro é bem parecida com tudo o que estamos vivendo atualmente.
Sem contar que em Sweet Tooth as pessoas precisam aprender a viver em
quarentena, fazer o uso de máscaras, dobrar higiene pessoal e lidar com uma
nova cepa viral mortal e desconhecida. Parece algo familiar para você? A
declaração de Jim Mickle e Beth Schwartz, produtores executivos da série em
entrevista, define bem o que a maioria de nós sente:
“Começamos a adaptar "Sweet
Tooth" para uma série da Netflix em 2016 e filmamos o piloto em 2019.
Naquela época, era difícil imaginar que algo seria capaz de transformar
totalmente a forma como vivemos. No entanto, tudo mudou em março de 2020.
Estávamos trabalhando no roteiro há dois meses e, de repente, tivemos que
passar para o Zoom, e a série começou a parecer mais realidade do que ficção.”
Big-Man-Sweet-Tooth |
Por isso, falo que a minha experiência
com essa série foi muito satisfatória. Eu realmente me senti inclusa no
cenário, senti cada medo, angústia e incerteza das personagens, pois vivemos
algo muito parecido. Deus queira que nunca igual.
“E quando as respostas que você procura
são finalmente reveladas, seu propósito também é. Mas às vezes... Bem, às vezes
a verdade dói. E às vezes, as respostas nos deixam mais no escuro do que nunca.”
Personagens com características bem construídas
Será que posso amar todas as personagens de uma
série? Isso nunca tinha acontecido antes, mas como dizem há primeira vez para
tudo. Eu amei cada personagem construída para Sweet Tooth. Dos heróis aos anti
heróis e até mesmo os não tão heróis assim.
Ursa - Sweet Tooth (Bear)
Além de Gus e Big man, outras personagens inseridas em Sweet Tooth são maravilhosas. Ursa (Stefania Owen) me agradou bastante, gosto do lado destemido, mas também do lado menina. Além disso, Ursa tem muitas frases reflexivas, muito cabeça... inteligente.
Aimee - Sweet Tooth
Aimee (Dania Ramirez) era uma psicóloga sem muitas perspectivas
antes do flagelo abater o mundo, foi lindo ver ela se reencontrar, foi lindo
ver a mulher de fibra que se tornou. Puro amor! Coragem... tantas nuances em
uma só pessoa.
Dr. Singh e Rani - Sweet Tooth
Dr. Singh (Adeel Akhtar) é um médico tão
interessante. Podemos analisar tanto a parte profissional dele como a pessoal.
O vínculo com a esposa, as suas incertezas, ética, são tantas questões que
nos identificamos. Eu amo a Rani (Aliza Vellani), ela é como as raízes de Dr. Singh e peça bastante importante na série.O que seria dele sem sua amada?
“Às vezes, tudo que julgamos ter perdido... estava
bem ali o tempo todo. Quando as coisas desmoronam, descobrimos quem realmente
somos.”
Um dia nos acertamos de algum jeito
Apesar do cenário caótico mostrado na série, os
humanos que lutam pela vida nos passam a sensação de esperança o tempo todo. É
disso que o mundo necessita atualmente. Apesar de não possuírem necessariamente um
lugar para chamar de lar, as lembranças do lar que viveram anteriormente são
tão acolhedoras.
As pessoas, as palavras. Tudo se encaixa, nos
abraça. Há um narrador durante a série, desconhecido, mas é como o
reflexo de uma grande consciência. Ele narra a trama de um jeito especial que nos faz refletir questões como sobrevivência, amor, importância da
família e da reconexão dos seres humanos com a natureza.
Ao falar em conexão com a mãe terra, lembro que a
série é repleta de belas cenas. As gravações de Sweet Tooth foram feitas na Nova Zelândia. Locais com floresta, animais selvagens são frequentes, lindas cenas. A fotografia é de encher os
olhos.
“Aquilo que deveria ter nos unido só nos separou
ainda mais. Ficamos com medo. Nos sentimos sozinhos. ”
A ambição por poder pode levar o homem a atos
horríveis. Será que seriamos capazes de nos autodestruir? A fé na humanidade é
uma bandeira bastante erguida em Sweet Tooth. Somos humanos, estamos aqui, experimentamos
essa existência terrestre. Sabemos que enquanto alguns só pensam em destruir há
tantos outros que podem nos reerguer.
“Se conseguimos ver além do medo, descobrimos o que realmente importa. E aprendemos que, às vezes, aquilo que no separa... também pode nos unir.”
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