‘Até que as cores acabem’ A jornada para o paraíso

By Paloma Viricio - agosto 01, 2024

 


Dizem que o universo nos conecta com aqueles que são compatíveis conosco. Mas além da conexão energética, acredito que há algo maior que une pessoas com o propósito de um aprendizado. A primeira vez que Akito (Ren Nagase) avistou Haruna (Natsuki Deguchi) atirando algumas cores em um simples papel, ele não poderia imaginar que teria uma perspectiva totalmente diferente da vida, das pessoas e do mundo.

Esse drama me proporcionou momentos interessantes porque conseguiu arrancar sorrisos e lágrimas dos meus olhos naturalmente. Apesar do peso que a trama entrega, há algo além que conquista nossos corações. Eu não sei dizer se é a resiliência de Haruna ou o jeito obstinado do Akito, mas é uma obra que ficará gravada na minha mente como uma das mais emocionantes que eu já vi.

A mensagem de esperança que o filme passa se torna um ensinamento. Não interessa se você tem seis meses ou um ano de vida, é importante fazer valer à pena cada momento vivido até o último suspiro. O que é a vida senão um emaranhado de grandes conquistas? As personagens nos conquistam com a docilidade e os dons artísticos, mas, além disso, mostram que você deve dar o máximo que pode a cada dia sem se importar com as circunstâncias.

Também refleti bastante sobre a futilidade das relações humanas no mundo atual. Vejo cada vez mais produções asiáticas que tentam resgatar nos corações humanos a questão do companheirismo, fidelidade e honestidade. Quando o Akito criou um olhar diferente sobre a Haruna ele fez a diferença, porque passou a ter uma atitude diferenciada da normativa.

Parece que as pessoas não querem mais ficar. As dificuldades de construir laços significativos está cada vez mais forte. E não pense que falo sobre situações mais complexas como as das personagens. Por muito menos, você se torna facilmente motivo de descarte para o outro como um objeto quebrado. Com a facilidade tecnológica que deveria aproximar indivíduos para a construção, na verdade promove o distanciamento das pessoas cada dia mais. Acredito que tirar os olhos da costumeira tela do celular para mirar outra retina é um ato de coragem... para poucos.



Até que as cores acabem me fez ter vontade de viver sem barreiras. Sem criar limitações bobas que muitas vezes são apenas pequenas alucinações viciosas da nossa própria mente e do ego. Porque... se você parar para pensar quem realmente se importa com o que você faz, pensa ou realiza se não você mesmo? Se sua existência tiver um fim prematuro, qual marca você seria responsável por deixar de herança para o mundo?

Falando um pouco de questões mais técnicas, mas como uma simplória observadora de dramas, a fotografia dessa obra é espetacular. Até que as cores acabam te faz desejar viver em um mundo cada vez mais colorido, por vezes desbotado pelas incertezas, mas com as cores os sentimentos de Haruma e Akito conseguiam pintar. A trilha sonora é muito bonita e o roteiro possui sacadas inteligentes com cenas e sequelas muito fofas (na medida do possível que um drama nos permite). Só fiquei realmente triste porque não consegui achar nada significativo sobre a parte musical na internet. [Clipe fofinho aqui ]

A live-action é uma adaptação do livro Yomei Ichinen no Boku ga, Yomei Hantoshi no Kimi to Deatta Hanashi de de Aoi Morita que foi publicado no Japão (2021). Conta com o roteiro de Tomoko Yoshida e direção de Takahio Miki. De modo geral, indico muito esse filme, mas aviso para que vá com o coração aberto e preparado para fortes emoções.

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